Moradores criticam falta de consulta e impacto em bairros com pouco comércio

Criciúma

O estacionamento rotativo foi ampliado em Criciúma ontem (17), passando a valer nos bairros Comerciário e Pio Corrêa, além de ruas do Centro. A prefeitura defende a medida como essencial para a mobilidade e o planejamento urbano, mas moradores mantém a critica à falta de consulta e a aplicação do sistema em locais com pouco comércio.

Ampliação e justificativa da prefeitura

Com a expansão, Criciúma passa a ter 2.100 vagas de estacionamento rotativo em 47 ruas e avenidas. Dessas, 1.800 são tarifadas, e o restante é destinado gratuitamente a idosos, pessoas com deficiência e motocicletas. O sistema funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, e aos sábados, das 8h às 12h, com tarifa de R$ 2,50 por hora, podendo ser paga por aplicativo, parquímetro ou pontos credenciados.

O prefeito Vagner Espíndola afirmou que a medida é necessária para a organização do trânsito e a melhoria do comércio local. “Garantimos maior rotatividade das vagas, beneficiando motoristas, comerciantes e a população. A medida também contribui para a fluidez do trânsito, reduzindo congestionamentos”, disse. Segundo a prefeitura, a arrecadação será revertida para melhorias na sinalização viária e subsídio do transporte público.

A gestão municipal defende que a ampliação seguiu ritos legais e que a população teve acesso ao projeto. “O parecer da Procuradoria foi de que não haveria problema em seguir com o processo. A mudança provoca incômodo, mas precisamos privilegiar a questão pública”, afirmou Celito Cardoso, coordenador do Comitê Gestor de Criciúma.

Críticas e insatisfação dos moradores

A decisão da prefeitura contraria uma recomendação do Ministério Público, que sugeriu o adiamento da medida após uma ação da Associação de Moradores do Bairro Comerciário (Ambac). Embora a entidade tenha optado por não organizar novos protestos, o vice-presidente, Sérgio Biava Júnior, destacou que continuarão buscando revisões. “Vamos seguir diligenciando junto ao Ministério Público e promovendo a audiência pública no dia 27 para discutir o tema”.

A principal crítica das associações de moradores é a aplicação do rotativo em ruas com pouco comércio. “A legislação exige que o sistema seja implantado onde haja comércio e serviços para que faça sentido a rotatividade. Mas aqui está sendo implementado em ruas sem comércio, o que nos faz questionar o real objetivo”, argumenta Renan Búrigo, presidente da Associação de Moradores do Pio Corrêa.

Os moradores também alegam falta de consulta pública efetiva. Uma audiência realizada em 2021 teve baixa participação popular devido à pandemia. “O rito foi cumprido conforme as restrições da época, mas a população teve amplo acesso ao projeto”, rebate Cardoso.

Dificuldades e falta de informação

A falta de informação também preocupa. Segundo a União das Associações de Bairros de Criciúma (UABC), moradores de outros bairros e até de outras cidades não compreendem as regras do rotativo. “Muita gente vem de fora, não encontra um monitor ou parquímetro, não baixa o aplicativo e acaba sendo multada. Depois descobre que deve pagar R$ 195 e leva cinco pontos na carteira”, alertou o presidente da UABC, Gentil Francisco.

Moradores de outros bairros também demonstraram preocupação com possíveis novas expansões. “Recebemos questionamentos de comerciantes do Santos Dumont, São Luiz, Michel, Marista, Santa Luzia e Rio Maina. Eles querem entender se também serão afetados”, completou Francisco.

Perspectivas e novos debates

Diante das críticas, a prefeitura afirma estar aberta a ajustes. “Não somos surdos às demandas. A engenharia de trânsito segue avaliando alternativas”, disse Cardoso.

A audiência pública marcada para dia 27 promete ser palco de novos debates. A prefeitura defende a continuidade do projeto, enquanto os moradores buscam revisões para adequar o sistema à realidade dos bairros. A discussão sobre a efetividade do rotativo segue aberta, com questionamentos sobre a forma como foi implementado e seus reais benefícios para a cidade.