Crescimento de mais de 100% nos pedidos reflete dificuldades econômicas e alta inflação, afetando especialmente micro e pequenas empresas

Da Redação

Os pedidos de recuperação judicial de micro e pequenas empresas dobraram de janeiro a agosto de 2024, em comparação ao mesmo período de 2023. Foram 1.062 solicitações neste ano para empreendimentos de menor porte, de acordo com dados da Serasa Experian divulgados na segunda-feira (14). Isso representa um aumento de 100,8% em relação aos 529 pedidos registrados no ano anterior.

No total, considerando empresas de todos os tamanhos, o Brasil contabilizou 1.480 pedidos de recuperação judicial no período, um aumento de 78,3% em relação ao mesmo intervalo de 2023. As micro e pequenas empresas representaram 71,8% do total de requerimentos, seguidas por empresas de médio porte, com 288 solicitações, e grandes empresas, com 130 pedidos.

O setor de serviços foi o mais impactado, representando 40,5% das recuperações judiciais em 2024, seguido pelo comércio (26,6%), o setor primário (16,6%) e a indústria (16,3%).

O número total de pedidos de recuperação judicial em 2024 já supera os registros de todo o ano de 2023, quando houve 1.405 solicitações. Este aumento coloca 2024 como o segundo pior ano desde 2005, perdendo apenas para 2016, quando o Brasil enfrentou a crise econômica e registrou 1.863 pedidos.

Os desafios econômicos enfrentados pelas empresas brasileiras incluem a inflação persistente, aumento das taxas de juros e um cenário global instável, que afetaram diretamente a capacidade de pagamento de dívidas. A alta carga tributária e a lenta recuperação econômica após a pandemia também são fatores que explicam o aumento nos pedidos de falência e recuperação judicial.

Falências

Embora o número de falências tenha registrado uma queda entre janeiro e agosto de 2024, com 644 solicitações em comparação às 763 do mesmo período de 2023, a situação é bem diferente no setor agropecuário. Enquanto micro e pequenas empresas responderam por 60,7% das falências em 2024, o impacto foi especialmente severo entre produtores individuais do agronegócio.

Um segundo gráfico da Serasa Experian revela uma explosão de pedidos de falência por produtores agropecuários desde o início de 2023. Entre 2021 e o começo de 2022, o número de falências no setor era relativamente baixo e estável, com poucos decretos por trimestre. No entanto, a partir do primeiro trimestre de 2023, houve um aumento considerável, com o pico ocorrendo no final de 2023 e início de 2024, quando mais de 100 pedidos de falência foram registrados em um único trimestre.