Mobilização considerada pró-Bolsonaro ocorre em vários pontos do país, inclusive na região sul de Santa Catarina
Da Redação
No dia seguinte às manifestações de Sete de Setembro, caminhoneiros mantém a paralisação em vários pontos do país, inclusive na região sul de Santa Catarina. Em dia de discursos dos poderes constituídos, com fala do presidente do Supremo Tribunal Federal, do Senado e da Câmara dos Deputados, os ânimos, em vez de arrefecer, pegaram mais fogo.
O ministro Luiz Fux, presidente do STF, afirmou que “ninguém fechará” a Corte e que o desprezo a decisões judiciais por parte de chefe de qualquer poder configura crime de responsabilidade. “Este Supremo Tribunal Federal jamais aceitará ameaças à sua independência nem intimidações ao exercício regular de suas funções”, concluiu
Já o procurador-geral da República, Augusto Aras, após a fala de Fux, sem citar Bolsonaro, disse que “a voz das instituições também é voz da liberdade” e que “discordâncias, sejam políticas ou processuais, hão de ser tratadas respeitando o devido processo legal e constitucional”. Para Aras, os protestos de 7 de Setembro foram “uma festa cívica com manifestações pacíficas, que ocorreram hegemonicamente de forma ordeira pelas vias públicas do Brasil”.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, pediu novamente mais diálogo e se mostrou contra Bolsonaro. E o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, aliado de última hora do presidente, quis também pôr panos quentes e disse que não vê como o país pode ter mais radicalismo e excessos. “Esperei até agora para me pronunciar porque não queria ser contaminado pelo calor de um ambiente já por demais aquecido”. Disse ainda que conversará com todos, e com todos os Poderes. “É hora de dar um basta a esta escalada em um infinito looping negativo, bravatas em redes sociais, vídeos em um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia-a-dia do Brasil de verdade”.
Bloqueios
Os principais pontos de bloqueio dos caminhoneiros ocorrem em Brasília, Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná e Bahia. Segundo a Polícia Rodoviária Federal do Espírito Santo (PRF-ES), quatro rodovias tiveram bloqueios e lentidão por conta de manifestações de caminhoneiros autônomos que apoiam o presidente: BR-262, BR-447, BR-482 e BR-101 (nessa última, as interdições ocorrem em quatro pontos da via).
Em Santa Catarina, havia bloqueios em vários pontos das rodovias BR-101, BR-280, BR-116 e BR-470, segundo a PRF-SC. No Paraná, houve interdições de caminhoneiros nas rodovias BR-376, em Paranavaí, e na BR-376, em Maringá. Já na Bahia, parte da rodovia BR-242 também foi interditada por caminhoneiros, na cidade de Luís Eduardo Magalhães.
Segundo relatório da PRF, do dia 7 até ontem, a corporação contabilizou 173 pontos de concentração e 53 bloqueios de caminhoneiros em rodovias federais. As manifestações não são comandadas por tradicionais entidades ou sindicatos, mas por caminhoneiros autônomos.
Ontem, vídeos circularam nas redes sociais feitas pelos próprios caminhoneiros. Em um deles, um caminhoneiro afirma que o Supremo Tribunal Federal “é uma milícia” e que os caminhoneiros não vão aceitar que o país “seja comandado por 11 ministros”.
Ontem, a Polícia Militar de Brasília informou que a Esplanada dos Ministérios está fechada e apoiadores de Bolsonaro permanecem na região, além de alguns caminhões.
Protestos em Santa Catarina
A Polícia Rodoviária Federal, em SC, contabilizou 14 protestos com bloqueios em rodovias federais ao longo do dia 7. E o levantamento mais recente, divulgado às 20h, indica que as manifestações ainda seguem em oito locais. Na BR-101, há barreiras ativas em Garuva, Joinville e Imbituba. Na BR-280 a concentração está em São Francisco do Sul e Araquari. Na BR-116, ocorre em Mafra e Santa Cecília. Já na BR-282 o bloqueio é em Campos Novos. Na BR-101 também foram feitos bloqueios em Barra Velha e Maracajá neste feriado. Os protestos chegaram ainda à BR-280 em Canoinhas; a BR-282 em Xanxerê; BR-470 em Indaial e BR-153 em Irani.
Novas manifestações na BR-101 Sul
As manifestações dos caminhoneiros continuam segundo uma dos organizadores do movimento. “Vai acontecer em Maracajá novamente, Sanga da Areia (Araranguá) já está acontecendo, São João do Sul já está acontecendo, Imbituba e Jaguaruna, assim como em Itajaí e Osório (RS)”, afirmou ontem Jair Ferraz. Por enquanto, não há previsão de fechar a BR-101. “A BR não será fechada. Os caminhoneiros estão fazendo as manifestações nos pátios dos postos”.
O dia Sete em Criciúma
Os protesto em Criciúma no feriado da Independência teve manifestações mesmo com a chuva. Os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro se concentraram pela manhã na Rua da Gente, ao lado do Parque das Nações. Vestidos de verde e amarelo eles carregavam faixa pedindo impeachment de Ministros do STF e voto auditável. Houve ainda manifestações em várias cidades da região, como Cocal do Sul, Morro da Fumaça e Forquilhinha.