UTIs voltaram a ficar lotadas

Criciúma, Içara e Região

Uma reunião ontem deu o tom das ações e narrativas nos meios de comunicação da região para esta semana. Tudo por causa do aumento rápido na ocupação de leitos de UTI nos hospitais da região e aumento do número de casos confirmados da Covid-19.

A reunião citada acima, na Prefeitura de Criciúma, envolveu o presidente da Amrec e prefeito de Orleans, Jorge Koch; o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro; a coordenadora da Coordenadoria Macrorregional Sul de Saúde, Izabel Scarabelot Medeiros; o presidente da Comissão Intergestores Regional (CIR-Carbonífera) e secretário de saúde do município de Orleans, Murilo Debiasi Ferrareis; o secretário de Saúde de Criciúma, Acélio Casagrande; o coordenador da Vigilância em Saúde de Criciúma, Samuel Bucco; e a responsável da Central de regulação de leitos hospitalares da Macrorregional Sul, Priscila Claumann; além da secretaria da CIR-Carbonifera, Margarete Passeto.

Eles definiram como principal ação agora a busca por novos leitos, já que na região a ocupação está altíssima e por conta também de pacientes de outras regiões trazidos para cá porque o mapa catarinense está todo vermelho, restando por hora, apenas a região carbonífera.

A abertura de novos leitos de UTI nos hospitais é então a saída emergencial, na avaliação do grupo, que diagnosticou que o Estado vem sofrendo um novo aumento dos números de casos, e a região carbonífera, única em situação grave (laranja), deve passar à gravíssima (vermelho) já no próximo boletim.

Onde buscar leitos?

Durante o encontro foi levantada a possibilidade de novos leitos de UTIs serem instalados no hospital de retaguarda do Rio Maina e no Hospital São Marcos, de Nova Veneza, neste primeiro momento. Mas já se estuda outros hospitais, como é o caso do Hospital Santa Otília, de Orleans, o Hospital Nossa Senhora da Conceição, de Urussanga, o Hospital São Roque, de Morro da Fumaça, e o Hospital São Donato, de Içara.

O diretor técnico do Hospital São José, Rafael Elias Farias, também presente na reunião informou que a região recebeu nove pacientes de outras regiões. Segundo o diretor, a região deve alcançar a lotação de leitos de UTI ainda hoje. As dificuldades enfrentadas na região oeste também foram levantadas, como a falta de equipamentos e de profissionais, além de profissionais exaustos com a atual situação.

Hoje pela manhã, às 9h, a CIR-Carbonífera realizará uma reunião de emergência, onde participam os prefeitos, junto ao Superintendente de Serviços Especializados e Regulação da Secretaria de Estado da Saúde, Ramon Tártari, para debater o avanço da pandemia de Covid-19 e a taxa de ocupação de leitos de UTI na região. Ramon fará uma vistoria técnica nos hospitais da região para verificar a possibilidade de implantação de novos leitos de UTI para a Covid-19. A criação de mais leitos de UTI e adoção de medidas restritivas serão a pauta novamente com o superintendente de Serviços Especializados e Regulação do Estado, Ramon Tártari.

Declarações

“Estamos em estado de alerta. Prevemos que no próximo sábado já estejamos no gravíssimo na Matriz de Risco. Esta terceira onda será ainda mais forte que as outras duas que vivemos em 2020. Já estamos perto da lotação dos leitos, devido a transferência de pacientes de outras regiões. Temos uma semana para criar estratégias que minimizem o impacto dessa variante. E ainda, não recebemos mais vacinas, pois a nova previsão é dia 3 de março”, frisou o secretário municipal de Saúde, Acélio Casagrande, que também acompanhou a reunião.

“Vamos colocar o Hospital do Rio Maina à disposição para a criação de dez leitos de UTI. Mas, tem possibilidade de abrir leitos em Urussanga, Orleans e Nova Veneza também. O município de Criciúma sempre se preparou para o enfrentamento contra o coronavírus, e desta vez não será diferente”, frisou o prefeito de Criciúma.

“Agora, precisamos sair de casa somente em casos essenciais. Neste momento, a circulação de pessoas é contraindicada. Os cuidados precisam ser redobrados neste momento. A nossa previsão é que a terceira onda seja ainda mais forte devido a nova variante que é mais transmissível”, enfatizou o gerente de Vigilância em Saúde de Criciúma, Samuel Bucco.

Leitos de UTI lotados

No momento, o Hospital São José possui 35 leitos para a Covid-19, sendo 33 estão ocupados e dois estão reservados para transferência. Já a Unimed tem oito leitos, sendo que cinco já estão ocupados.

Este aumento de casos e internações em decorrência da Covid-19, segundo o diretor-técnico do Hospital São José, Raphael Elias Farias, está ocorrendo da última semana para cá. “Recebemos nove pacientes de outras regiões de Saúde em UTI, isso fez com que aumentássemos a nossa taxa de ocupação. Nosso cenário de hoje são 51 pacientes internados, entre suspeitos e confirmados, sendo que 29 destes estão em UTI, com uma taxa de 82% de ocupação dos leitos SUS”, pontuou.

Segundo o médico, a diminuição no cumprimento das medidas protetivas contra a pandemia por parte das pessoas mais jovens é um dos fatores que pode ter implicado nos resultados do atual cenário. A realização de festas e relaxamento do isolamento social por parte desse grupo é algo que vem sendo considerado pelos profissionais.

“Nossa situação de caso ainda não chega aos números de novembro e dezembro, mas se chegarmos àquele número o sistema pode realmente ter uma ocupação de 100%. Antes se via pacientes de maior extremo de idade, acima dos 50 anos, hoje temos pacientes na faixa de 20 a 30 anos em UTI, 30 a 40, mas ainda com a predominância de pacientes mais velhos. Mas não se via tanto pacientes com idade abaixo de 40, e hoje esse paciente é uma realidade”, afirmou.

Ontem também, o governo do Estado atualizou o painel de leitos UTI adulto/Covid nos hospitais de Santa Catarina. Na região Sul, a ocupação já está em 93,98%, a quarta pior do estado, ficando atrás apenas do Planalto Norte, Grande Florianópolis e Grande Oeste. Dos 83 leitos ativos na região Sul, apenas 5 estão disponíveis. Nas Amrec está assim: Criciúma (Hospital São José) – 35 leitos no total – 3 disponíveis – 91,43% de ocupação; Içara (Hospital São Donato) – 8 leitos – 1 leito disponíveis – 87,50% de ocupação.