“Em tudo dai graças”

Caros irmãos e irmãs, Saudação, Paz e Bem! Eis nossa última coluna no Jornal Gazeta, preparada a partir do meu discurso de envio proferido no último domingo, na Missa de Encerramento de nossa atividades pastorais junto à Paróquia São Donato:

Nossa vida é cheia de idas e vindas, chegadas e partidas. Na vocação do padre, um grandioso mistério de Deus se cumpre sempre quando a autoridade nos nomeia para uma nova missão. Deus nos confia dons e carismas e espera que nós possamos colocá-los em prática no novo ofício que iremos assumir.

De minha parte, cheguei em Içara como seminarista: no dia 01 de fevereiro entrava pela primeira vez como morador desta cidade: tornei-me um içarense. E aqui começamos a desenvolver nossas atividades. No dia 08 de março vivenciei um grande momento ao ser ordenado diácono. Aqui fui recebido e passei a exercer meu ministério diaconal. Finalmente, no dia 20 de junho experimentei o dom da consagração total através da ordenação presbiteral… e em cada comunidade que visitava para celebrar pela primeira vez a Santa Missa, fui muito bem recebido, homenageado, presenteado, enfim, tocado pelo amor de Deus exercido através de nossas queridas comunidades.

Durante quase seis meses exerci meu ministério de padre junto a vocês… Desde outubro, porém, fui chamado por Dom Jacinto para assumir uma nova missão: a Paróquia Santa Terezinha, de Jacinto Machado. Acolhi com alegria seu pedido, pois entendo que estou a serviço da Igreja. Em novembro as nomeações foram publicadas e, mais uma vez, passando em cada comunidade para celebrar pela última vez como vigário pude sentir o abraço do povo que agora deixamos. Chegamos, finalmente, a esse dia: é momento de nos “despedirmos”. Novas paróquias precisam de nós, e esta paróquia precisa de novos padres!

Minha gratidão ao Padre Antoninho Rossi, que aqui me acolheu e muito me ajudou, às nossas funcionárias, por toda a dedicação, e a todos os amigos que aqui pude fazer. Com todos vocês meu ministério foi mais fecundo.

No tempo em que aqui estive pude ensinar, é verdade. Pude, também, sem dúvidas, aprender. De cada comunidade levo algo especial que marcou minha vida e que agora gostaria de partilhar.

O Aurora me ensinou que a acolhida é fundamental, inclusive com um cafezinho… Com o Jaqueline aprendi que nossa padroeira merece uma grande comemoração, mesmo que isso nos custe muitos sacrifícios. Com o Jardim Silvana pude compreender que diante de Jesus encontramos o maior momento motivacional. A Linha Esperança, por sua vez, me ensinou que mesmo com chuva, lama e sem energia, o amor a Jesus precisa ser maior.

Também aprendi com o Liri que as lágrimas na despedida podem demonstrar maior carinho que palavras muito bem escritas. Com o Mareli entendi que corações generosos são sempre necessários, mesmo que nos falte o vinho para a Santa Missa. Com o Morro Bonito pude perceber a importância de participar de nossa comunidade, independente do dia e hora. No Poço Três reconheci que um café após a Santa Missa traduz a alegria de participar da mesma fé em Cristo.

Na Santa Cruz aprendi que uma Santa Missa pode tocar verdadeiramente os corações, mesmo que ela precise ser celebrada em 45 minutos em um domingo. O Raichaski me ensinou o valor da gratidão, quando na última celebração como diácono fui homenageado e, então, aguardado como sacerdote. Com o Tereza Cristina aprendi o valor da perseverança, já que mesmo quando o lugar da celebração esteve interditado, uma missa mensal continuou acontecendo em outro lugar organizado. A Vila São José também me ensinou: o zelo, a beleza e a preparação são sempre muito importantes, e uma comunidade só permanece de pé quando Jesus é o centro.

Com o Cristo Rei aprendi a importância da presença do padre, seja ela física, quando possível, seja mesmo através de uma gravação. Com a Esperança pude aprender o valor de preparar bem uma Santa Missa, de soltar a voz e cantar com força, vontade e dedicação. O Primeiro de Maio me ensinou como é importante valorizar a Santa Missa, já que mesmo estando alguns objetos à disposição, descobri que eles existiam somente quando fui, depois de padre, para celebrar a Eucaristia.

Com as duas comunidades que estão se consolidando (Loteamentos Lima e Ema) aprendi o valor da ajuda, pois só estão conseguindo se desenvolver graças ao auxílio de pessoas dedicadas que abraçaram a causa, tanto dos movimentos quanto dos próprios membros dessas comunidades. Finalmente, a Matriz me ensinou também. Aprendi com vocês que quando Deus quer e a gente se esforça, até uma obra gigantesca sai no meio da pandemia, e que mesmo com poucos recursos, podemos fazer belíssimas decorações.

Queridos amigos, com todos vocês pude aprender muitas coisas, dentre as quais o valor de boas lideranças, sempre dedicadas, atentas, disponíveis e abertas. Obrigado pelo vosso sim, contem comigo e rezem por mim! Que Deus vos abençoe!