Caros irmãos e irmãs, graça e paz! Mais uma vez reunidos através desta coluna no Jornal Gazeta, queremos fortalecer nossa fé! Em nossa última reflexão, mencionamos que setembro é um mês especial, no qual somos convidados pela Igreja a meditar sobre a Sagrada Escritura e os efeitos que ela gera na vida daqueles que abrem seu coração, afinal, como nos afirma a Carta aos Hebreus: “A Palavra de Deus é viva e eficaz, mais penetrante que uma espada de dois gumes” (Hb 4, 12).
Há dois domingos (06/09), as leituras meditadas na liturgia católica versavam sobre uma temática especial, que voltou a aparecer no último domingo (13/09), bastante contemporânea mesmo que os trechos lidos sejam datados, no mínimo, com dois mil anos de distância entre eles e nós… A profecia de Ezequiel (Ez 33, 7-9), a Carta aos Romanos (Rm 13, 8-10) e o Evangelho segundo Mateus (Mt 18, 15-20) procuravam gerar em nós, mesmo que com seus poucos versículos, o desejo da reconciliação, fundamentada sobretudo no amor, no cuidado e na comunhão.
Em nossas comunidades, ao refletir essa liturgia, pensávamos na necessidade de nos esforçarmos para reconciliar e acolher, com muita paciência, aqueles que se afastam do projeto de Deus: é preciso que nos sintamos responsáveis pela vida do outro (como o profeta Ezequiel), que não nos cansemos de buscar a comunhão e a unidade (afinal somos membros do mesmo corpo, o de Cristo) e, finalmente, que fundamentemos toda a nossa ação no amor (pois o amor é o perfeito cumprimento da Lei).
Toda essa reflexão litúrgica, certamente por providência de Deus, vem perfeitamente ao encontro do lema escolhido para o “Mês da Bíblia” neste ano de 2020: “Abre tua mão para o teu irmão” (Dt 15, 11). Esse livro bíblico, considerado rico em reflexões morais, apresenta uma preocupação sobre a justiça e a solidariedade com vários grupos sociais de sua época e apresenta leis que regulam as relações com Deus e com o próximo.
É verdade que muitas são as reflexões possíveis sobre abrir a mão, entre as quais auxiliar o irmão pobre ou socorrer o estrangeiro, defender as viúvas ou proteger os órfãos, mas certamente também podemos compreender o abrir a mão como abri-la para estender em direção aos que se afastaram: Abre a tua mão para o teu irmão afastado! Abre a tua mão para o teu irmão perdido! Abre a tua mão para teu irmão que já não encontra mais sentido em permanecer no caminho de Deus… Algumas vezes podemos ter a impressão de que abrir a mão significa apenas oferecer algo material, na realidade aqui podemos abri-la para oferecer a acolhida… Abre a tua mão para resgatar o teu irmão, para acolhê-lo, para oferecer, em nome de Deus, a reconciliação e o perdão em vista de uma vida nova!
Deus nunca deixa de estender a sua mão para nos resgatar. Nós também precisamos ter as mãos abertas, para oferecer o perdão e receber a vida transformada daquela ovelha que havia se perdido. Que Deus, rico em misericórdia, nos abençoe e nos guarde hoje e sempre!
Pe. Roberto Fontana Talau