Setor agrícola da região se posiciona sobre desvalorização do fumo

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Representantes das Federações da Agricultura apontam baixa remuneração e despesas por conta da estiagem

Içara

Recentemente foi assinada pelos presidentes das Federações da Agricultura dos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, um manifesto em favor dos fumicultores. Datado de 22 de junho, o documento aborda sobre a questão da produção e faturamento do fumo na região Sul, responsável por 99% da produção brasileira.

Segundo os representantes, o tabaco é uma das atividades agroindustriais mais significativas e está presente em 557 municípios da Região Sul do Brasil, gerando mais de 103 mil empregos. Em Santa Catarina cerca de 60 mil propriedades dedicam-se a fumicultura. Segundo o secretário de Agricultura de Içara, Ivan Isoppo, a cidade possui 2.000 hectares para o plantio, produzindo cerca de 4.6 milhões de quilos atualmente.

“Houve uma grande redução nos últimos anos, devido, principalmente, a falta da mão de obra. O fumo exige muito trabalho manual, sendo muito rigoroso. Os filhos de produtores saem para trabalhar na cidade e perdem o vínculo com essa cultura”, destaca. Ainda assim, Içara continua contando com cerca de 850 fumicultores.

O manifesto realizado em união dos estados do Sul trouxe à tona um problema que os produtores vêm presenciando nas últimas safras: a desvalorização da mão de obra de produção. Segundo levantamento da Cadec, os produtores têm comercializado bem abaixo do custo de produção, que nesta safra variaram de R$ 8,19 a R$ 9,38 por quilo com produção média entre 2.352 e 2.703 quilos por hectare. Além disso, houveram as perdas pelas estiagens que tiveram de ser arcadas.

Em Içara, o presidente da Coopafi, Fabiano Bortolatto, conta que muitos produtores já disseram pensar em sair da atividade por conta dos preços baixos e o clima constantemente desfavorável. “Este ano os preços ficaram abaixo do estimado, mas o produtor acompanha a classificação e tem direito de não vender caso não aceite o imposto pela empresa”, explica ele.

Para Isoppo, a tendência da cultura de produção da fumicultura na região é ser extinguida nos próximos 10 anos, apesar da importância no município. “Outro fator é a cidade estar avançando cada vez mais para o interior. Muitas ex-lavouras estão se tornando loteamento” relata o secretário.

Já de maneira geral, nos três estados é informado pelos representantes do setor agrícola que o critério de classificação do tabaco segue conforme o interesse das empresas, confundindo os produtores da forma correta de classificar.

“Essa postura da indústria desanima os fumicultores e cria muita insegurança porque ninguém sabe o nível de remuneração do próximo ano. Infelizmente, novamente, temos uma safra sem definição de preço e com prejuízos acumulados pelos produtores. Os fumicultores precisam voltar a ter uma remuneração adequada e as indústrias precisam valorizar os fumicultores remunerando de forma justa a sua produção”, encerra a declaração.