Colheita desta temporada, que iniciou em dezembro e segue até junho, está animando os produtores
A produção de maracujá na região carbonífera está crescendo, muito por conta do sucesso da fruta nos municípios do extremo-Sul, como Sombrio e São João do Sul. A colheita desta temporada, que iniciou em dezembro e segue até junho, está animando os produtores.
A engenheira agrônoma Marina Martinello, escolheu a produção do maracujá como renda extra para a família. A moradora da localidade de Capão Bonito, realizou na Gerência de Agricultura e Agronegócio o pedido do seu bloco de notas, assim poderá iniciar a atividade de agricultora familiar.
“Vou plantar as mudas de maracujá com o auxílio de uma estufa na área de um hectare. A fruta é uma cultura que está em crescimento na região, com venda garantida. Acompanhei pela Epagri cursos e experimentos feitos com a fruta, por meio do meu doutorado e me apaixonei”, comentou Marina.
A engenheira agrônoma é um dos exemplos de filhos de produtores que realizaram o ensino superior relacionado com o campo e retornaram para aplicar os conhecimentos na propriedade da família.
Dificuldades superadas
Desde 2016, os agricultores das comunidades rurais da região recebem cursos e fazem encontros na Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) a respeito da virose do endurecimento do fruto, doença que atacou os pomares e afetou gravemente a produção em outras regiões do Estado e até no Brasil.
As medidas tornaram possível a sobrevivência da cadeia produtiva do maracujá no Sul do Estado e a convivência com a doença, determinando o sucesso dos cultivos na região.
Vazio sanitário do maracujá
A Epagri realizará amanhã (12), em Sombrio, um dia de campo sobre maracujazeiro-azedo. Além de informar agricultores da região sobre tecnologias para produção da fruta, o evento, que inicia às 9h, vai servir para assinatura da portaria que estabelece o vazio sanitário para a cultura em Santa Catarina, uma medida fundamental para manutenção da sanidade dos pomares com garantia de alta produtividade.
Santa Catarina é reconhecida por produzir o melhor maracujá do Brasil, título relacionado às características da fruta, como tamanho, formato e preenchimento de polpa. Contudo, nos últimos anos, os pomares catarinenses sofreram com a virose do endurecimento do fruto.
Essa doença é disseminada pelo pulgão, um inseto comum nas lavouras do Brasil. Nos seus voos entre um maracujazeiro e outro, ele pode disseminar rapidamente o vírus que, como o próprio nome diz, faz com que o pomar produza frutas mais duras, com menos polpa. Também provoca uma importante queda de produtividade.
Em 2016 a doença foi detectada nos pomares do Sul de Santa Catarina, a principal região produtora do Estado. Uma ação rápida da Epagri, em conjunto com os outros atores dessa cadeia produtiva, resultou no convívio com a doença, sem perda de qualidade das frutas. Para tanto, é preciso que sejam observadas recomendações técnicas que visam preservar todos os pomares da região.
Uma dessas recomendações é o vazio sanitário. De acordo com a portaria a ser assinada amanhã, entre os dias 1 e 31 de julho de cada ano, não poderá existir nenhum pomar comercial de maracujá em Santa Catarina. “Todas as lavouras comerciais de maracujá devem ser derrubadas até 30 de junho. A partir de 1 de julho não pode haver nenhuma planta em produção nos pomares”, explica Diego Adílio da Silva, extensionista da Gerência Regional da Epagri em Criciúma.
A fiscalização do cumprimento do vazio sanitário ficará a cargo da Cidasc. Quem descumprir a portaria ficará sujeito a sanções. A partir do dia 1 de agosto os maracujazeiros podem voltar a ser cultivados no Estado de forma comercial. A portaria já vale para a safra 2020/2021.
Antes da chegada da virose, cerca de 50% da área plantada com maracujá no Sul do Estado mantinha as plantas produzindo por dois anos. Porém, com a renovação anual dos pomares, se retiram do campo todos os maracujazeiros, substituídos por mudas isentas do vírus, produzidas em abrigos telados.
Produtividade
Além da assinatura da portaria, o dia de campo vai trazer informações preciosas para a boa condução dos maracujazeiros no Estado. Serão três estações que estarão orientando sobre manejo da mosca do botão floral, conservação do solo e manejo nutricional da planta, e ambiente e aspectos técnicos para produção de mudas avançadas.
A participação no dia de campo é gratuita e não necessita de inscrições. Basta o interessado comparecer no dia e horário marcados para o evento. Quem preferir, pode se inscrever no escritório da Epagri em seu município.
Os cultivos catarinenses de maracujá têm produtividade de cerca de 20 a 22 toneladas por hectare, maior que a média nacional, que fica entre 12 a 14 toneladas por hectare. Mesmo sem as condições climáticas ideais para produção, Santa Catarina é o terceiro maior produtor de maracujá do Brasil, ficando atrás apenas da Bahia e do Ceará. Os municípios catarinenses de São João do Sul e Sombrio estão entre os dez maiores produtores do País, sendo os únicos da lista fora das regiões Nordeste e Norte. Tamanha produtividade se deve, entre outros motivos, à forte adesão dos produtores às tecnologias criadas e difundidas pela Epagri.
A fruta
Rico em vitaminas A, B e C, além de sais minerais como cálcio, ferro, fósforo, sódio e fibras, o maracujá azedo é um dos frutos que pode ser aproveitado totalmente, inclusive a casca. Previne e controla a diabete, combate o mau colesterol e ainda ajuda a emagrecer.