Na estação mais quente e mais chuvosa do ano, aumenta o número de acidentes com estes tipos de animais em áreas urbanas e rurais
No verão, e por causas de cheias ou enchentes o potencial de acidentes com animais peçonhentos é maior, pois eles são obrigados a deixar seu habitat em busca de um novo local, refugiando-se, muitas vezes, dentro das casas.
“A maioria dos acidentes com animais peçonhentos é registrada no verão, porque é neste período que existe um aumento da realização de atividades ao ar livre, como ir à praia e fazer trilhas. Além de limpezas de habitações, quintais e terrenos, coincidindo justamente com a época em que há deslocamento dos animais peçonhentos para alimentação e reprodução”, explica Alexandra Pereira, médica veterinária da Gerência de Vigilância de Zoonoses da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC).
Em Santa Catarina, em 2019, foram registrados 8.678 acidentes por animais peçonhentos, segundo dados preliminares do Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan, que ainda podem sofrer alterações. Durante a última temporada de verão, ou seja, entre os meses de dezembro de 2018 a março de 2019, foram registrados 4.244 acidentes por animais peçonhentos, o que representa 48,9% das notificações do ano.
Do total de acidentes registrados em SC em 2019, aproximadamente 70% (6.116) deles foram por aranhas, seguidos por abelhas (915) e serpentes (637). Já em relação a lesões por águas-vivas, registradas pelo Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, foram 58.770 ocorrências.
No caso de picadas ou mordeduras, a vítima deve procurar atendimento médico no serviço de saúde mais próximo nas primeiras horas após a ocorrência. A referência para atendimento de acidentes por animais peçonhentos no estado é o Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Santa Catarina (CIATox/SC), com funcionamento 24 horas pelo telefone 0800 643 5252.
O que fazer em caso de acidentes
- Manter a vítima calma e deitada;
- Tentar manter a área afetada no mesmo nível do coração ou, se possível, abaixo dele;
- Evitar que a vítima se movimente para não favorecer a absorção do veneno;
- Localizar a marca da mordedura e limpar o local com água e sabão e cobrir com um pano limpo;
- Remover anéis, pulseiras e outros objetos que possam garrotear (apertar a circulação), em caso de inchaço do membro afetado;
- Levar a vítima imediatamente ao serviço de saúde mais próximo, para receber o tratamento necessário;
- Se possível, levar o animal para que seja identificado e para que a vítima receba o soro antiveneno específico.
O que não fazer:
- Não fazer torniquete – isso impede a circulação do sangue e pode causar gangrena ou necrose local;
- Não cortar o local da ferida, para fazer ‘sangria’;
- Não aplicar folhas, pó de café ou terra sobre a ferida, pois pode provocar infecção.
Como evitar acidentes:
- Utilizar equipamentos de proteção individual (EPIs) no manuseio de materiais de construção, lenhas, móveis, em atividades rurais, limpeza de jardins, quintais e terrenos, etc.;
- Observar com atenção os locais de trabalho e de passagem;
- Não colocar as mãos em tocas, buracos e espaços entre lenhas e pedras (utilizar ferramenta);
- Evitar aproximação de vegetação rasteira ao amanhecer e ao anoitecer (período de maior atividade de serpentes);
- Não mexer em colmeias e vespeiros (chamar órgão responsável);
- Inspecionar antes do uso roupas, calçados, roupas de cama e banho, panos e tapetes; afastar camas das paredes;
- Não depositar lixo, entulho e materiais de construção junto às habitações;
- Evitar que plantas e folhagens se encostem nas casas;
- Fazer controle de roedores (servem de alimento para serpentes);
- Evitar acampar em áreas onde há roedores e serpentes;
- Não fazer piquenique às margens de rios, lagos e lagoas, e não se encostar em barrancos durante pescarias;
- Limpar regularmente e com EPIs móveis, cortinas, quadros, paredes e terrenos baldios;
- Vedar frestas, buracos, portas, janelas e ralos;
- Manter limpos jardins, quintais, paióis e celeiros;
- Combater insetos (especialmente baratas que servem de alimento para escorpiões e aranhas);
- Preservar predadores naturais dos animais peçonhentos.