A iminência do rompimento de contrato com a Casan, para a gestão compartilhada dos serviços de água e esgoto, bem como a formação de um consórcio municipal para o tratamento da água pautaram uma reunião entre membros do Executivo, vereadores e representantes de entidades do município. O encontro ocorreu na quarta-feira, na sede da Câmara Municipal.

“Nos reunimos com os vereadores e representantes das entidades de Içara, para conversar sobre o sistema de água e esgoto. O município de Criciúma está pensando em assumir os serviços e a estação de tratamento de água, que abastece praticamente 60% da população de Içara, se localiza em Criciúma. Havendo essa encampação nos serviços, não tem sentido o município de Içara continuar com a Casan e comprar água de Criciúma”, pondera o prefeito Murialdo Gastaldon.

“A ideia é que essa estação de tratamento que se localiza no bairro São Defende, ao invés de ficar de propriedade do município de Criciúma, seja de propriedade de todos os municípios atendidos pela Barragem do Rio São Bento, numa espécie de consórcio intermunicipal (a exemplo do que já acontece na saúde e em outras áreas). Se essa ideia prosperar, pode ser que Içara faça também a adesão a esse consórcio intermunicipal”, completa o chefe do Executivo, ao explicar porque a ideia foi apresentada a outras lideranças içarenses.

O pleito do repasse à prefeitura de 7% do faturamento da Casan na cidade partiu da iniciativa do prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, que reivindica ainda uma redução de 40% na tarifa de esgoto. As reivindicações posteriormente foram endossadas pelos demais municípios – Forquilhinha, Içara, Nova Veneza, Siderópolis e Maracajá – e oficializadas à empresa. A estatal aceita repassar os 7% de royalties, mas alega que não pode conceder o abatimento pretendido.

Uma reunião foi realizada na semana passada com a presidente da companhia, Roberta Maas dos Anjos, em Criciúma, mas terminou sem acordo. “Em Içara já faz mais de um ano que ninguém paga pelo serviço de esgoto, mas as outras cidades pagam um valor bastante razoável. Não houve mais manifestação sobre o encaminhamento da proposta, mas acredito que a empresa esteja estudando essa situação, verificando os custos do sistema de esgoto, o impacto financeiro do pagamento dos royalties, para fazer uma nova conversa com os prefeitos”, diz Gastaldon.

 

Samae

 

O primeiro contrato com a Casan assinado por Murialdo Gastaldon teve duração de cinco anos e terminaria em dezembro do ano passado. Antes disso, em julho, o município e a empresa fizeram a renovação por mais 30 anos.

Mesmo com o contrato com a companhia, o Samae de Içara foi mantido e ganhou novas atribuições a partir da recente aprovação da transformação do órgão em uma autarquia municipal, responsável também por outros serviços públicos.

Já em Criciúma, um projeto prevendo a criação do órgão foi encaminhado ao Legislativo por Salvaro.

 

 

Elogios à empresa

 

“Tivemos no passado recente, durante praticamente uma década, o Samae, que fez uma rede de esgoto muito ruim, precária, cheia de problemas. Uma concepção errada, uma execução errada e extremamente cara. O projeto previa uma rede de esgoto de R$ 10 milhões e custou mais de R$ 15 milhões. Durante o período em que o Samae esteve atuando em nossa cidade, nenhum reservatório de água foi construído”, aponta Gastaldon, ao justificar a decisão de contratar a empresa estadual.

“Depois que a Casan assumiu os serviços, no início de 2014, construiu três reservatórios de água, dobrando a capacidade de abastecimento da população e resolvendo praticamente todos os problemas da rede de esgoto. Portanto, a Casan fez um excelente trabalho no nosso município”, avalia.