A empresa vencedora da nova licitação promovida pela Caixa Econômica Federal retomou as obras no Residencial José Alencar, no bairro Poço Oito, em Içara, que estavam paradas desde 2017. A informação foi confirmada por meio de uma nota enviada pela Caixa, após questionamentos feitos pela equipe de reportagem do Jornal Gazeta, sobre o andamento da construção das casas populares no município.

“Em relação as obras do Residencial José de Alencar, em Içara, informamos que a empresa contratada está com a obra em execução”, diz a Caixa. O questionamento sobre quando os serviços foram reiniciados não foi respondido.

A previsão do banco em agosto de 2018, quando foi procurado pelo Gazeta, era de concluir as obras no segundo semestre deste ano. Entretanto, não é possível saber se o cronograma de construção será respeitado, pois essa informação não foi confirmada no novo contato. O condomínio deveria ter sido entregue em 2014, conforme o prazo inicial.

A Caixa já havia sido procurada pelo Gazeta em janeiro de 2018, a respeito da paralisação da construção. Na época, informou que as obras do condomínio pararam devido a dificuldades da construtora na manutenção do cronograma. Também argumentou que houve necessidade de alteração no projeto original, bem como, depreciação oriunda de furtos, depredações e intempéries.

Em um e-mail mais recente, enviado no mês de agosto do ano passado, o banco informou que a suplementação de recursos, necessária para a conclusão das obras, foi solicitada junto ao Ministério das Cidades, que autorizou a destinação do dinheiro. A medida levou à realização de uma nova licitação, pois a empreiteira que executava os serviços acabou afastada. O banco não divulgou a quantia a ser utilizada para a conclusão dos trabalhos.

Na tarde dessa sexta-feira, a equipe de reportagem esteve no local e constatou que os serviços estão em andamento, todavia, não foi autorizada a fazer fotos.

Recadastramento das famílias sob análise da Assistência Social

O recadastramento das famílias está em fase inicial e ainda não houve a definição dos contemplados com as unidades no residencial em Poço Oito, segundo a assistente social e coordenadora do setor de Habitação, vinculado à Secretaria de Assistência Social do município, Gisele Ghedin Carlos. “Nós estamos vendo qual portaria vamos obedecer para começar o cadastramento das famílias”, diz a responsável pelo processo.

A previsão é de que os cadastros ocorram ainda neste primeiro semestre. “O cadastramento já está na fase administrativa. Acredito que a seleção aconteça até o meio do ano”, projeta Gisele. “Nós já temos uma demanda. E essas famílias vão receber as visitas para fazermos a seleção”, acrescenta.

De acordo com a coordenadora de Habitação, como houve a paralisação nas obras e o residencial não foi entregue, todo o trabalho de cadastro de famílias realizado pelo município foi perdido. “Várias famílias que haviam sido selecionadas para o José de Alencar foram encaminhadas para outros residenciais, principalmente o Dona Ema (no bairro Tereza Cristina, inaugurado em novembro de 2016)”, aponta.

O processo que definiu os contemplados aconteceu ainda em 2014. Assim, algumas foram alocadas em outros residenciais; outras melhoraram a condição financeira e não se encaixam mais no programa Minha Casa Minha Vida (faixa 1) e ainda há famílias que não moram mais em Içara.

Paralisação levou à depredação das casas

Além de contratempos ao município e às famílias que esperavam pela casa própria, a paralisação das obras no Residencial José de Alencar gerou problemas no próprio condomínio, que acabou depredado por vândalos e sofrendo o desgaste natural do tempo.

Antes da suspensão dos serviços, ainda faltavam o acabamento, a pintura e a parte elétrica nas residências, assim como a pavimentação dos acessos e resolver a questão do saneamento. Para quem passava pelo local, o aspecto era de abandono. A situação levou ao registro de furtos, motivando a colocação de um guarda para zelar pelo que já estava pronto.