A Organização Mundial da Saúde informou ontem o aumento recente nos casos de varíola dos macacos

Da Redação

A Organização Mundial da Saúde disse ontem (24) que um recente surto de casos de varíola em países não endêmicos foi “contido”, mesmo que continue confundindo especialistas em saúde. Até ontem, havia 131 casos confirmados e 106 casos suspeitos da doença desde que o primeiro foi notificado em 7 de maio, segundo o órgão de saúde pública. Os casos estão localizados em 19 países fora da África.

A OMS disse que atualmente não está claro se o aumento nos casos foi a “ponta do iceberg” ou se um pico na transmissão já havia sido alcançado. “Monkeypox”, em inglês, é uma infecção viral rara que é endêmica na África Central e Ocidental. Ela se espalha através do contato próximo com pessoas, animais ou materiais infectados com o vírus, com sintomas que incluem erupções cutâneas, febre, dores de cabeça, dores musculares, inchaço e dores nas costas.

Embora a maioria dos casos seja leve, geralmente se resolvendo dentro de duas a quatro semanas, os especialistas em saúde ficaram perplexos com o recente aumento em países sem histórico da doença e em pacientes sem ligações de viagem para países endêmicos. Há até, pela forma inesperada como apareceu, quem aponte a causa às vacinas da Covid-19, que usaram o adenovírus atenuado de chipanzés, como a AstraZeneca, muito usada na Europa. O Brasil usou mais a Pfizer (RNA mensageiro) e Coronavac (vírus morto).

Casos aumentam através do sexo

Pelo menos 19 países, incluindo EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália, Itália, Espanha e Portugal, relataram casos até agora. A Bélgica – atualmente com quatro casos – tornou-se na sexta-feira o primeiro país a instituir o isolamento obrigatório para pacientes, enquanto o Reino Unido pediu que contatos próximos de pacientes se isolassem.

A maioria dos casos está se espalhando pelo sexo, informou a OMS. Embora geralmente não seja considerada uma doença sexualmente transmissível, as autoridades de saúde notaram uma concentração particular de casos entre homens que fazem sexo com outros homens.

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças alertaram na segunda-feira homens gays e bissexuais para tomarem precauções se tiverem contato próximo com alguém que possa ter o vírus e ficarem atentos aos sintomas.

“Uma proporção notável de casos recentes no Reino Unido e na Europa foi encontrada em homens gays e bissexuais, por isso estamos incentivando particularmente esses homens a ficarem alertas aos sintomas”, acrescentou Susan Hopkins, consultora médica-chefe da Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido, na segunda-feira (23).

Cepa da varíola do macaco

A diretora de preparação global para riscos infecciosos da OMS, Sylvie Briand, disse também ontem que é improvável que o vírus tenha sofrido uma mutação. Em vez disso, disse ela, sua transmissão pode ter sido impulsionada por uma mudança no comportamento humano, principalmente como resultado da flexibilização das restrições sociais do Covid-19.

A cepa de varíola da África Ocidental – que foi identificada no surto atual – tem uma taxa de mortalidade de cerca de 1%.  “Encorajamos todos vocês a aumentar a vigilância da varíola dos macacos para ver onde estão os níveis de transmissão e entender para onde está indo”, acrescentou Sylvie.

“Nunca houve antes”

“Nós nunca tivemos uma epidemia [de varíola] antes, que agora se espalhou para 15 países em três semanas”, disse Farrer no Fórum Econômico Mundial. No entanto, acrescentou que ainda não deve ser motivo de preocupação para o público em geral, observando que ainda não é um “risco ao estilo Covid”.