Titular da pasta há três meses, Eduardo Zata destaca necessidades das famílias do município

A pandemia do novo coronavírus provocou, até quinta-feira (13), 86 óbitos de moradores de Içara, num total de 4.846 pessoas com resultado positivo para a doença. Porém, muitas famílias que não tiveram ninguém contaminado pela Covid-19 foram afetadas por perdas de empregos ou diminuição de renda. Assim, a demanda pelos serviços da Secretaria de Assistência Social, Habitação, Trabalho e Renda aumentou consideravelmente, segundo o titular da pasta, Eduardo Zata, vereador licenciado, que está no cargo há três meses. Em entrevista ao Jornal Gazeta, o secretário destaca quais as principais necessidades de quem procura atendimento e aponta os projetos a médio e longo prazo.

Jornal Gazeta: Nesses três meses à frente da secretaria de Assistência Social, o que já pôde ser feito?

Eduardo Zata: “A pandemia tem sido o maior desafio dos nossos tempos. Não posso deixar de citar este ponto quando sou questionado sobre o que já pôde ser feito neste início de jornada. A Secretaria de Assistência Social, Habitação Trabalho e Renda tem atuado de forma assídua nesta pandemia. Além de me inteirar de todos os processos da pasta, precisei e preciso lidar diariamente com um número crescente de atendimento por conta da situação do país e do mundo neste período. A pandemia toma de nós uma atenção super especial. Mas há muito trabalho sendo realizado que com ou sem pandemia nós vamos seguir fazendo, que é dar suporte e direcionar as pessoas que precisam da administração municipal”.

Gazeta: Você tinha experiência no Legislativo e agora está no Executivo. O que muda e o que não pode mudar na forma de trabalho?

Zata: “Sou administrador por formação. A partir do momento que dei meu sim ao convite de estar secretário, eu sabia que iria usar muito da minha formação técnica nesta pasta e assim tem sido. Vim de uma posição onde legislava e fiscalizava o poder público para a posição de execução. Passei por um período de aprendizado, que julgo ter sido necessário, para conhecer os processos mais a fundo. Depois disso, todos os dias eu considero de aprendizado. As equipes têm sido importantes demais nesse processo”.

Gazeta: Mais de um ano depois do início da pandemia, que fez com que várias pessoas perdessem seus empregos ou diminuíssem suas rendas, quais são as principais demandas para a Assistência Social de Içara?

Zata: “O número de atendimentos é crescente. A situação de pandemia tem dificultado demais a vida das pessoas que já viviam em situação de vulnerabilidade. Além de distribuição de cestas básicas, nossas visitas têm sido intensificadas. Isso aproxima mais essas pessoas da secretaria e conseguimos identificar melhor as demandas. As demandas nem sempre são de comida, remédio, fraldas e afins. Às vezes são de conversa, de desabafo, de um direcionamento que é necessário. Também é importante dizer que nem sempre atendemos só os filhos da nossa cidade. Muitas pessoas acabam migrando para cá e, com todo o respeito à vida humana que temos, nós as recebemos”.

Gazeta: Muitas pessoas que não utilizavam os serviços da Assistência Social passaram a utilizá-los. Existe algum trabalho para que este público conheça todos os direitos e benefícios que pode receber?

Zata: “O trabalho de divulgação dos direitos e benefícios é realizado pelos meios de comunicação e também no momento que as famílias buscam os serviços da Assistência Social. Muitas vezes, a pessoa vem com uma demanda específica, e os profissionais identificam, no momento do atendimento, outras necessidades da família. Para o ano de 2021, estão previstas muitas ações de divulgação dos trabalhos das Assistência Social”.

Gazeta: Uma das atribuições da secretaria são os Centros de Referência em Assistência Social (Cras) e Centros de Referência Especializada em Assistência Social (Creas). Como estes serviços estão funcionando e como tem sido a procura durante a pandemia?

Zata: “Boa parte dos nossos serviços são realizados de forma remota. Esse acompanhamento é importante para que essas situações não sejam classificadas como de alta complexidade. Estamos trabalhando da forma mais humanizada possível para prevenir situações mais graves. Quando existe a necessidade, vamos ao local, e quando há, por parte dos atendidos, uma urgência, eles vêm até aos centros de referência. Já os atendimentos que precisam ser presenciais, estão ocorrendo com os devidos cuidados de saúde”.

Gazeta: Como funciona a integração e encaminhamento de pessoas que precisam da Assistência Social, por parte de outros órgãos municipais, como escolas e unidades de saúde?

Zata: “A Secretaria tem, entre suas atribuições, a articulação das políticas públicas para atendimento das famílias em situação de vulnerabilidade. Quando algum órgão público atende alguma pessoa e identifica que precisa de benefícios ou acompanhamento, encaminha para a Secretaria”.

Gazeta: Com mais pessoas em casa devido à pandemia, houve aumento nos casos de violência contra a mulher, crianças, adolescentes ou idosos? O que está sendo feito para combater esse problema?

Zata: “Em meio à pandemia e ao isolamento social, os registros de violência contra as crianças e adolescentes, mulheres, idosos aumentaram. Observamos inclusive que muitas famílias com casos de situações de violência já superadas, que foram em algum momento acompanhadas pelo Cras, acabaram retornando para atendimento, com novas situações de violência. A crise econômica e social, que ocasiona alto índice de desemprego, também contribuiu para o agravamento dos conflitos familiares e aumento das formas de violência. O Cras tem intensificado a busca ativa e os acompanhamentos, mantendo contato diário com as famílias atendidas, por meio de escuta qualificada e orientações, com objetivo de prevenir novas violações de direitos. Os casos de violência podem ser denunciados por meio do Disque 100, Disque 180, Conselho Tutelar, Ministério Público, Delegacia, Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, nas escolas, unidades de saúde do município, ou por meio do telefone  3431-3572”.

Gazeta: Quais são os projetos em andamento e o que pretende realizar na secretaria a médio e longo prazo?

Zata: Os projetos que deram certo continuam sendo executados. Alguns deles, como a distribuição de cestas básicas, nós ampliamos e criamos também a Cesta Verde. Fechamos contrato com a Coopafi, e grande parte dos alimentos que distribuímos às famílias em vulnerabilidade social agora vêm de produtores içarenses. Estamos dando seguimento na regularização fundiária, que é um projeto que estava parado e que tem muita importância para o içarense. Queremos ajudar as pessoas a regularizar em suas terras com escritura pois assim elas podem comprar e vender com mais segurança ou fazer financiamentos. Temos projetos de capacitação profissional que vêm encontro àquilo que a prefeita Dalvania sempre cita em suas entrevistas: ‘Mais que dar o peixe, ensinar a pescar.’ Temos muitos novos projetos em andamento e estudo mas quero frisar que continuamos doando uma atenção especial às famílias que de alguma forma foram atingidas pelo coronavírus”.

A Assistência Social de Içara em números

  • 2.443 famílias inseridas no Cadastro Único
  • 472 atendimentos de janeiro a abril
  • 1.185 famílias que recebem o Bolsa Família
  • 312 pessoas com deficiência recebem o BPC
  • 143 idosos recebem o mesmo benefício
  • 353 atendimentos de Proteção Social Especial de Alta Complexidade
  • 10 famílias recebem o aluguel social