Mundo vive o drama de combater um inimigo comum: o Sars-CoV-2

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Pandemia se espalhou pelo mundo a partir de Wuhan, uma megalópole da área central da China

Da Redação

No Dia Internacional da Saúde, lembrado ontem (7 de abril) e criado para conscientizar a população sobre a importância de preservar a saúde para uma melhor qualidade de vida, contamos nesta página a história de um vírus com coroa que está colocando pessoas contra pessoas por divergências na forma de lidar com ele.

O Sars-CoV-2, causador da Covid-19, é chamado de “novo” coronavírus porque faz parte de uma família maior, que possui membros já conhecidos pelos cientistas. Alguns desses familiares provocaram doenças em seres humanos – chegando a gerar surtos. Porém, não se disseminaram a ponto de resultar em uma pandemia como a que estamos vivendo agora.

A família coronavírus é formada por Mers-CoV, Sars-CoV e Sars-CoV-2. Os coronavírus atingem várias espécies de animais. Desta família, sete tipos afetam seres humanos. Quatro levam apenas a resfriados. Os três restantes, por sua vez, causam sérios problemas respiratórios.

Eles eram considerados pelos especialistas como patógenos de menor importância para a população humana. Até que, em 2002, encontraram na China um vírus respiratório de grande letalidade. A taxa de mortalidade alcançava 10%. Esta doença foi chamado de Síndrome Respiratória Aguda Grave (ou Sars) na China. Por isso, o vírus ganhou o nome de Sars-CoV.

A Sars acometeu mais de 8 mil pessoas em vários países e matou 800 indivíduos. Contudo, desde 2004 nenhum novo caso aconteceu no mundo. A doença é considerada erradicada. Depois de 2002, foram encontrados mais dois tipos, também causadores de resfriados leves. Esta descoberta acelerou as pesquisas focadas nesta família.

Durante 10 anos, não tivemos nenhum surto desses agentes infecciosos. Aí, em 2012, surgiu mais um parente, dessa vez na Arábia Saudita. Ele provocava a mesma pneumonia viral vista na Sars, só que matava mais. A nova enfermidade foi batizada de Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers) e o vírus recebeu o nome de Mers-CoV.

Ao contrário da Sars, a Mers ainda é uma realidade. E não só no Oriente Médio: há relatos de casos na Europa e na América do Norte. Cerca de 35% dos atingidos vão à óbito. O sétimo e último membro da família (até o momento) você deve conhecer melhor. Ele apareceu no fim de 2019, em Wuhan, na China. Por ser muito similar ao Sars-CoV, foi batizado de Sars-CoV-2. Já a doença que ele causa é chamada de Covid-19.

Fique atento a estes sintomas característicos do Sars-CoV-2:
Coriza nasal;
Dor de garganta;
Dor no corpo;
Tosse;
Dor de cabeça fora do padrão;
Perda do olfato e paladar;
Tontura;
Dor abdominal;
Vômito;
Diarreia;
Febre.

Um caso de quem passou mal:

Aos 45 anos e com disposição para trabalhar, o motorista Vanderli Pereira foi infectado pelo novo coronavírus e passou por momentos de aflição. Foram 22 dias de internação respirando com auxílio de oxigênio e à espera de um leito de UTI. No período, perdeu mais de 20kg e teve 70% dos pulmões afetados pela doença. “Eu não tinha força, não conseguia me movimentar e o oxigênio no máximo não dava conta”, disse. A recuperação de Pereira é descrita pela família como um milagre. “Achavam que eu não ia sobreviver porque minha situação era grave, mas Deus é bom e me recuperei sem UTI. Fiz o tratamento com fé e com a minha vontade de viver deu tudo certo. Sem a ajuda da minha esposa eu também não voltaria”. Ele ainda precisa de um suporte de oxigênio, um oxímetro e sessões de fisioterapia.

Um caso de quem sequer percebeu que teve:

Um empresário da noite e professor de escola pública de 32 anos disse que não sabia que já tinha a Sars-Cov-2. Descobriu sem querer ao fazer teste para a volta às aulas presenciais em meados de fevereiro. “Todos professores tinham que fazer o teste e eu fui lá. No resultado entregue, eles me avisaram que eu já tive a Covid-19, porque os anticorpos foram encontrados no sangue. Eu não senti nada de especial, tanto que não imaginava que já tivesse tido o novo coronavírus”, conta a testemunha que não quer se identificar para não ser acusado inapropriadamente de disseminar a doença, já que ficou a maior parte do tempo em casa.

Um caso estranho:

Uma professora que perdeu o pai para a Covid-19 conta que, após o velório, começou a sentir uma febre fraca, diarreia e perdeu o paladar e olfato. Tendo o remédio Annita (nitazoxanida) em casa, ainda que não tenha certeza que tenha sido isto que a fez melhorar, tomou a medicação e ficou boa já no dia seguinte. Foi ao médico e, clinicamente, ele avaliou se tratar de Covid-19, mas os exames de sangue não comprovaram anticorpos para Sars-Cov-2. Como ela já havia tomado a Annita, o médico manteve o tratamento conforme a bula, e ainda receitou paracetamol, azitromicina, vitamina C e zinco. Ela não apresentou mais sintomas. A professora não quer se identificar por precaução e para não por o médico em situação ruim com seus pares contrários à medicação precoce e profilática.