Produção de sorvetes se consolida em Içara

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Empresas alcançam nichos diferentes de mercado e expandem vendas em todo o país

Andréia Limas
Especial/Canal Içara

Içara

Entre as diversas atividades econômicas desenvolvidas em Içara, a produção de sorvetes ganha destaque pelo crescimento e a consolidação no mercado, com as empresas alcançando diferentes nichos e expandindo as vendas em todo o país. Por trás do sucesso comercial, estão histórias de coragem e empreendedorismo, em companhias que se mantêm como familiares.

Içabom

João Batista Luiz começou quando era gurizote a vender picolé de carrinho na rua. Em 1996, achou os maquinários nos classificados de um jornal e comprou as primeiras máquinas para instalar no fundo do quintal no bairro Raichaski. “Em 2001, registramos a Içabom”, relembra. Assim o empresário descreve o início da história da empresa içarense que se especializou na produção de picolés para a venda ambulante.

Os produtos, antes comercializados com carrinhos espalhados por cidades da região, hoje são fornecidos estrategicamente para a revenda por meio de carros de som e a oportunidade de uma nova atividade aos autônomos. “A principal venda é dos kits com cinco picolés com carro. O sorvete ficou até em segundo plano, porque não damos conta de fazer esses picolés. A produção de três dias já está vendida”, relata o empreendedor.

Os clientes regulares de revenda vêm de Urussanga, Arroio do Silva, Araranguá, Sombrio, Criciúma, Balneário Rincão e outras cidades do entorno. Mas a empresa também vende no varejo, na loja junto à fábrica, no bairro Aurora, na Rua Francisco João Luiz, em Içara. Os kits na fábrica custam R$ 2, mesmo preço do copão de sorvete. Já os potes de sorvete de dois litros custam R$ 10.

Na empresa familiar, ele trabalha ao lado da esposa, do filho, de uma irmã e de uma sobrinha. Uma nutricionista é a responsável técnica e os sabores são desenvolvidos a partir de cursos promovidos pelos fabricantes das matérias-primas. “Vamos nos aprimorando”, ressalta.

“Os picolés são de sabores básicos – chocolate, chocolate branco, morango, milho verde, coco, nata, leite condensado, uva, laranja, tutti frutti, abacaxi, limão. Os sorvetes têm napolitano, flocos, milho verde, abacaxi”, cita Luiz.

Saju Sorvetes

Aquele picolé de nata ou morango com uma casquinha de chocolate que derrete na boca… de brigadeiro ou bombom de coco. Ou talvez opções mais simples, de frutas. A variedade de sorvetes também é grande. Tem banana caramelizada, crocante, chicletes, Ninho trufado, flocos, torrone, Sensação, morango, coco queimado, doce de leite, maracujá, café, entre tantos outros desenvolvidos pela Saju Sorvetes. A marca é a junção do nome dos irmãos – Sara e Junior – e toda a família está envolvida na venda, produção e administração do negócio.

No mercado desde 2018, a Saju Sorvetes surgiu da migração de segmento. “As dificuldades de uma empresa de outro ramo foram fundamentais para o início da Saju Sorvetes. Meu pai tinha uma transportadora, mas estava difícil para manter o negócio pelo preço de frete, do diesel, então, decidiu fechar”, relata um dos proprietários, Edson Luiz Coelho Júnior.

Ele conta que levou um ano entre o fechamento da transportadora e a criação da nova empresa. “Meu pai teve a ideia de comprar uma máquina de picolés e sair vendendo nas ruas, de carro. Como eu e a minha mãe temos experiência na produção de sorvetes e picolés, começamos a ajudá-lo. Ele começou vendendo na rua, mas logo veio o desejo de abrir uma loja, ampliar o negócio”, ressalta. O ponto de venda, no caminho para o Balneário Rincão, no bairro Boa Vista, foi inaugurado em outubro de 2019.

Os picolés têm preços a partir de R$ 1, enquanto os potes de sorvete de dois litros custam entre R$ 11,50 e R$ 16,90. “Nós mesmos desenvolvemos as receitas. Procuramos pesquisar e ouvir as sugestões dos nossos clientes. Sempre nos preocupamos muito com a higiene e a qualidade dos nossos produtos”, enfatiza. “Somos muito unidos e, na empresa, meu pai, minha mãe, minha irmã e eu fazemos de tudo um pouco”, resume.

Sorvetes Lelé

A história de Luiz Joaquim Elias com a venda de picolés iniciou cedo, nascida da necessidade. “Venho de uma família onde éramos em nove irmãos e muito pobres. Então, vendíamos picolés. Eu comecei com oito anos para ajudar meus pais e tomei gosto por essa profissão”, conta Elias, que na época morava em Siderópolis.

“Mais tarde, fui para Criciúma e dei continuidade numa empresa de sorvetes, a Milk Mone. Aprendi muito com eles, até com erros que eu percebia. Mas não conseguia colocar em prática minhas ideias e foi quando resolvi colocar uma pequena fábrica de sorvetes”, descreve o empresário. Assim, em 3 de dezembro de 1993 era fundada a Sorvetes Lelé. “Minha família me apoiou e fizemos as coisas certas, pois me tornei um mestre em transformar frutas em deliciosos sorvetes”, orgulha-se.

Instalada às margens da Rodovia Paulino Búrigo (SC-445), no bairro Liri, em Içara, desde 2013, a fábrica fornece para a loja que funciona no mesmo espaço, comercializando direto ao consumidor final e também para a revenda em cidades da região. A empresa conta ainda com clientes fiéis de outros estados, que aproveitam o período de veraneio para adquirir e saborear os produtos. “Nossos clientes são de todas as classes sociais e temos preços de fábrica com qualidade”, assegura.

“Temos vários picolés e sorvetes que desenvolvemos e guardamos em segredo (as receitas), pois eles fazem o diferencial da Sorvetes Lelé. Meu maior orgulho é o picolé de coco, que foi eu que criei e hoje ele é o carro-chefe”, descreve o empresário. Elias ressalta ainda que os produtos são mais saudáveis do que os oferecidos pela concorrência. “Usamos menos açúcar e mais frutas. Nosso sorvete não leva gordura vegetal, então, é mais saudável. Também vamos produzindo na medida em que vamos vendendo, ou seja, os produtos estão sempre novinhos”, afirma.

Eskimó Sorvetes

Em 1981, quando ainda era funcionário do Banco do Brasil, Pedro Reis se encantou ao conhecer uma máquina de produzir sorvete e descobrir a forma como a guloseima era feita. Ali surgiu a vontade de empreender, a decisão por entrar nesse ramo e virar empresário. Assim nascia a Eskimó Sorvetes, empresa içarense prestes a completar 40 anos de mercado, com lojas espalhadas pelo país e a intenção de expandir ainda mais as operações.

A fórmula do sucesso une produtos de qualidade, diversificação em picolés e sorvetes e preços populares. “Hoje são mais de 100 itens de variados tipos e sabores, com receitas totalmente exclusivas. Nosso foco está no consumidor final e no revendedor e nossos preços são acessíveis para todos os públicos”, considera o gerente de marketing da empresa, Tiago Goulart.

Em alta temporada, a Eskimó chega a empregar mil pessoas em sua unidade em Içara e ainda há as vagas geradas pela comercialização dos produtos. Antes trabalhando no sistema de franquia, a empresa chegou a 400 franqueados em 2016, espalhados pelo país.

“Não trabalhamos mais com venda de loja a terceiros, como concessão/estilo franquia. No momento só montamos megalojas administradas pela própria rede. Hoje em média temos quase 1 mil lojas em 14 estados e centros de distribuição, por exemplo, no Rio de Janeiro, no Mato Grosso, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul”, informa Goulart.

A logística própria da Eskimó Sorvetes garante que os produtos sejam distribuídos em todo o Brasil, mantendo a qualidade de fábrica. As lojas seguem uma personalização de cores e letras, objetivando o fortalecimento da marca e uma fácil identificação por parte dos clientes.