Colheita de algumas variedades ocorre entre janeiro e fevereiro. Para a uva Goethe, produzida no Sul de SC, a colhida é no final de dezembro a final de janeiro

Da Redação

A falta de chuva em 2020 impactou de forma positiva na produção de uva de mesa: os frutos estão com mais qualidade, visto que o clima seco contribuiu para a sanidade dos parreirais, e a grande quantidade de dias quentes proporcionou o amadurecimento prematuro dos cachos, antecipando a colheita em 10 a 15 dias em 2021. Já a uva Goethe, produzida no Sul de SC, e colhida no período de final de dezembro a final de janeiro, ao contrário do restante do estado, tiveram sua colheita atrasada em alguns dias. O pesquisador André Luiz Kulkamp de Souza, da Epagri, informou que o volume de produção deve ficar dentro da média catarinense.

“O diferencial desta colheita será a qualidade, que promete ficar acima da média. Teremos uvas doces e bonitas. Com menor quantidade de chuva, os parreirais ficaram mais sadios e demandaram menos pulverizações, pois a maioria das doenças da cultura precisa de umidade para se desenvolver e nesta safra não encontrou essa condição. O excesso de chuva também faz com que o produtor colha a fruta antes dela atingir o grau de maturação ideal para evitar o apodrecimento dos cachos, e isso também interfere na qualidade”, ressalta o pesquisador.

Fruto com cor acentuada

O viticultor Edson Antonio Grando começou a colheita com 10 dias de antecedência, no dia 10 de janeiro. Segundo ele, a fruta está com cor mais acentuada e com maior teor de açúcares, o que melhora o preço de venda das variedades destinadas à produção de suco.

O pesquisador André Luiz, da Epagri, explica que o auge da colheita em Santa Catarina acontece entre janeiro e fevereiro, período em que são colhidas as chamadas uvas de mesa, de variedades mais rústicas e que caracterizam o maior negócio vitivinícola do estado. As principais variedades de uva catarinense são Isabel, Bordô, Niágara e Goethe, que têm a maioria da produção transformada em suco ou vinho. Os maiores compradores da fruta catarinense são os estados de São Paulo e a região Nordeste.

Produção catarinense

Santa Catarina é o quarto produtor nacional de uva, com cerca de 50 mil toneladas anuais, atrás do Rio Grande do Sul, Pernambuco e São Paulo. Segundo o Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Cepa), o valor bruto da produção (VBP) no estado, ou seja, o valor bruto recebido pelos agricultores pela venda de suas produções, é de R$ 55 milhões. Depois da maçã, a uva é a segunda fruta de clima temperado com maior participação no VBP em SC.

A cultura envolve cerca de 2,2 mil agricultores familiares e uma área plantada de 3,5 mil hectares. O Alto Vale do Rio do Peixe responde com 60% da produção estadual. “Esses números se referem à produção comercial. Mas é importante ressaltar que o cultivo de uva tem um papel social e cultural muito forte entre os imigrantes italianos, que plantam para autoconsumo, tanto in natura como em vinho, processado em suas propriedades”, diz o pesquisador André.

Uva do Sul e da Serra

Segundo a Epagri/Cepa, a viticultura está presente em mais de 73% dos municípios catarinenses. Em Santa Catarina predomina a produção de vinhos de mesa e sucos, mas nos últimos anos houve incremento na produção de vinhos finos nas regiões de altitude, o que está relacionado à tendência de aumento de consumo de vinhos finos no Brasil. Também está crescendo a produção de vinhos espumantes, o que acompanha a evolução de consumo em todo o País. Verifica-se, ainda, importante aumento na produção de suco de uva.

A produção de uvas destinadas para a produção de vinhos finos de altitude está no Planalto Serrano e a colheita é mais tardia, entre março e abril. Outro negócio catarinense que vem dando muito certo é a uva Goethe, produzida na região Sul de SC.

O avanço da produção comercial de uva em Santa Catarina se deu com a ajuda da Epagri e das pesquisas realizadas pelo órgão estadual. Pela Epagri foram desenvolvidos métodos de como plantar, quais as variedades recomendadas para o estado, qual o manejo correto, como elaborar os vinhos etc, tecnologias repassadas aos agricultores pelas equipes de extensão rural. Três estações experimentais da Epagri desenvolvem pesquisas com uva, cada uma na especialidade da região: Videira, com variedades americanas, híbridas e viníferas, São Joaquim, com a uvas finas de altitude, e Urussanga, com a Goethe.