Governador Carlos Moisés é alvo de operação da PF

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Político é acusado de envolvimento em fraudes na área de saúde e sofre processo de impeachment

Da Redação

Suspeito de envolvimento em fraudes na compra de insumos para o combate a pandemia da Covid-19, o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés, foi alvo de mandados de busca e apreensão ontem (30) cumpridos pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal (MPF). A operação para recolhimento de possíveis provas foi chamada de Pleumon.

Segundo a PF, cinco mandados de busca e apreensão foram cumpridos. Além do governador, dois ex-integrantes do governo também são alvo da operação. Os nomes não foram divulgados pela operação, mas já foram citados em outras oportunidades na mídia, e são Amandio João da Silva, que ficou menos de dois meses como secretário da Casa Civil, e Sandro Yuri Pinheiro, ex-assessor especial da mesma pasta.

De acordo com o MPF, a suspeita é de irregularidades na compra de ventiladores pulmonares. Os desvios teriam chegado a cifra dos R$ 33 milhões. Os mandados foram expedidos pelo ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Policiais estariam na casa e no gabinete do governador, de acordo com informações obtidas pela reportagem. O objetivo é recolher documentos e mensagens de e-mail e de celular que possam revelar como o esquema era operacionalizado.

De acordo com o MPF, “com as medidas, os investigadores buscam provas da relação entre o governador, sua equipe e empresários que venderam 200 respiradores ao estado de Santa Catarina”, pois, “as investigações revelaram indícios de participação do chefe do Executivo estadual na contratação da empresa Veigamed”.

As diligências correm sob sigilo. A subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, que solicitou as buscas, afirma que o procedimento é necessário para aprofundar as informações do caso. “Tais delitos comprometem a higidez e a credibilidade do governo do estado de Santa Catarina e põe em risco a saúde e a vida de toda a população catarinense, acometida dos males decorrentes da Covid-19”, sustenta. “Além do mais, não se está a tratar de caso relacionado a criminalidade corriqueira, mas sim de fatos praticados em contexto de suposta criminalidade organizada, sofisticada e estruturada com os mais altos aparatos de poder, contando com a articulação de agentes com poder econômico, elevado conhecimento jurídico, forte influência política e, inclusive, a autoridade máxima do Poder Executivo catarinense”, informou ela na peça enviada ao Poder Judiciário.

Carlos Moisés está sofrendo um processo de impeachment, justamente em razão de acusações envolvendo supostas fraudes em contratos relacionados ao combate à pandemia.

Nota Oficial

O próprio governador e o governo, em nota oficial, informaram que um celular e um computador (laptop) foram aprendidos na Casa da Agronômica e que os dois equipamentos já tinham sido oferecidos em julho à investigação. Imagens de câmeras de vídeo monitoramento também foram apreendidas.

“‘Importante destacar que o Governo do Estado apoia todas as investigações necessárias para apurar eventuais irregularidades no processo de compra de respiradores e permanece à disposição das autoridades para colaborar. Este apoio não é apenas formal, já que foi o próprio governador do Estado quem determinou, em 23 de abril, o início das investigações pela Polícia Civil”, informou em nota o governo.

“Não encontrarão provas”

O govenador negou novamente, em coletiva de imprensa após ser alvo do mandado de busca e apreensão, que tenha envolvimento em irregularidades na compra dos 200 respiradores e classificou a busca e apreensão cumprida nesta quarta como “desnecessária e injustificada”.

“O Ministério Público Federal divulga que está buscando provas, ou seja, se houve uma alegação de que houve autorização antecipada, se houve uma alegação de que o governador participou de compras, eles buscam provas. Não há essas provas, não encontrarão, obviamente, porque não há participação nossa, então eu acredito na Justiça”, declarou o governador.

Vice-governador se manifesta no Twitter

A vice-governadora de Santa Catarina, Daniela Reinehr (sem partido), se manifestou sobre a operação do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF) no Twitter.

“Lamento profundamente que nosso Estado tenha que enfrentar mais este triste episódio. Santa Catarina não merece que sua integridade seja ferida. Reitero que não há participação minha em mais este processo, que investiga o pagamento antecipado de respiradores, que sequer chegaram”, escreveu.

Daniela afirmou ainda: “Sigo firme, cumprindo meu compromisso com nosso estado, acreditando na Justiça, nas forças producentes, na política e nos demais setores da sociedade para juntos reerguermos nosso Estado”.