Etapa inicial do estudo sobre a saúde mental da população de Criciúma começou na segunda-feira desta semana

Criciúma

A pesquisa da Unesc que vai avaliar a saúde mental da população durante a pandemia teve na segunda-feira (14) a primeira saída a campo para a coleta de dados. A partir desta semana, diariamente, a equipe de pesquisadores da universidade estará visitando a casa tanto de pessoas que contraíram o Sars-CoV-2 nas últimas seis semanas, quanto de pessoas que não tiveram contato com o vírus. O objetivo das visitas é a coleta de amostras de sangue para análise e a aplicação de questionários para contribuir com informações para o estudo.

A pesquisa é realizada em parceria com a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), por isso, além de Criciúma, o município de Chapecó também fará parte da pesquisa. O estudo “Investigação de marcadores neuroinflamatórios e de dano neuronal e suas relações com transtornos neuropsiquiátricos em sujeitos positivos para Covid-19” foi um dos projetos de pesquisa da Unesc para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus e suas consequências contemplados pelo edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e ao Ministério da Saúde. Em Santa Catarina, a Unesc é a única Universidade Comunitária com projetos de pesquisa aprovados (dois no total).

Enquadrado na linha de pesquisa carga da doença, o estudo tem como coordenadora geral a professora doutora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da Unesc, Gislaine Zilli Réus e a contribuição da professora doutora, pesquisadora e reitora da Universidade, Luciane Bisognin Ceretta. Na UFFS, a equipe será liderada pela professora doutora Zuleide Maria Ignácio.

Primeiros resultados em campo

Gislaine afirma que o primeiro dia da pesquisa em campo foi muito positivo para fazer todos os ajustes necessários para as coletas de dados que virão. Em relação à participação da comunidade, a professora comenta que em geral, muitas pessoas estão querendo participar, pois entendem a importância da pesquisa para a ciência e para a sociedade. “As pessoas que aceitam participar da pesquisa têm nos recebido muito bem em suas casas. Eu como pesquisadora e professora, fico imensamente feliz com cada pessoa que participa, cada um é muito importante para nossa pesquisa”, comenta.

Iniciativa tem o apoio popular

A moradora de Criciúma, Sirleia Miranda Pereira, foi a primeira participante da pesquisa. Ela conta que descobriu que estava com o novo coronavírus quando teve febre e foi ao pronto socorro. Após exames, veio o diagnóstico de Covid-19 e junto com ele, a insegurança. “Fiquei com muito medo. Sou paciente renal crônica transplantada e não sabia o que poderia acontecer”, conta. Sobre a pesquisa da Unesc, Sirleia considera importante iniciativas que possam colaborar com a saúde da população, especialmente neste momento de pandemia.

Piloto para avaliação da metodologia foi realizado

Na quarta-feira da semana passada (10), a equipe de pesquisadores da Unesc realizou um piloto para ajustar os últimos detalhes antes do início das atividades oficiais do projeto. Segundo Gislaine, é uma etapa é importante em todas as pesquisas, pois nela são feitos os processos e procedimentos que seriam realizados na pesquisa oficial. “Esses dados não entram oficialmente para a pesquisa, mas sim subsídio para qualquer ajuste necessário para a pesquisa oficial”, explica.

Como a pesquisa é feita

A professora da Unesc, Gislaine Zilli Réus, explica que a pesquisa é um caso-controle em que os casos são pessoas sintomáticas e assintomáticas positivas para Covid-19 e os controles são indivíduos negativos para o novo coronavírus. O estudo aplica escalas para avaliação da presença de estresse, depressão, ansiedade e transtornos do sono. Além disso, é investigado perifericamente marcadores de dano neuronal, bem como de inflamação, dano mitocondrial e microbiota intestinal, os quais também se relacionam com inflamação. Esses marcadores serão correlacionados com a ocorrência de transtornos psiquiátricos.

O estudo será feito com pessoas doentes que foram diagnosticadas nas últimas seis semanas. Já as pessoas que farão parte do controle, serão testadas para o vírus (os testes serão feitos pela própria Universidade). Gislaine explica que os pesquisadores estão ligando para agendar as visitas na casa dos indivíduos diagnosticados como positivos para a Covid-19. Para a parte do controle, a pesquisa aceita voluntários – os interessados devem entrar em contato pelos telefones (48) 3431-2618 ou 99807-2526.