Pacto Federativo e reformas: “ou acontecem ou continuaremos agonizando”

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As palavras são do presidente da Federação Catarinense de Municípios (Fecam), Joares Ponticelli

Em análise dos grandes temas de repercussão nos municípios, o Congresso de Prefeitos 2019 que está sendo realizado na Arena Petry, em São José, na Grande Florianópolis, está discutindo políticas macro que refletem muito nos municípios, como Pacto Federativo e reformas. Estas pautas são motivo de mobilização constante de prefeitos à capital federal em busca de um novo modelo de redistribuição de tributos e mais autonomia para que os municípios decidam seus gastos.

O Congresso de Prefeitos é coordenado neste ano pelo presidente da Federação Catarinense de Municípios (Fecam), Joares Ponticelli, e pelo presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Glademir Aroldi.

Ponticelli citou os três temas que causam tensão por parte dos gestores e são responsáveis pela manutenção de programas e projetos prioritários nas prefeituras: Reforma da Previdência, Reforma Tributária e Pacto Federativo. “Ou elas acontecem agora com debate claro nacional e atenção as demandas dos municípios brasileiros ou continuaremos agonizando”, disse.

O presidente da Fecam reafirmou que é o momento dos gestores públicos se organizarem, cobrarem e participarem de um debate macro. “Desde a promulgação da Constituição, de 1988 para cá, percebemos gradativamente um esvaziamento do financiamento das políticas municipais. Brasília, cada vez mais, impõe as políticas de atendimento aos cidadãos nos municípios e não repassa o financeiro necessário para o financiamento delas”, critica. Cita o SUS como exemplo: “os municípios em vez de aportarem 15% para a área da saúde, como a Constituição determina, estão alocando 30% a 40% porque o Governo Federal não faz a sua parte”, acrescentou Ponticelli.

O presidente da Fecam, repetindo um bordão já antigo da política municipalista, dito até por Paulo Guedes na época da campanha presidencial. Disse ele: “Precisamos sensibilizar o Congresso Nacional de que as pessoas vivem nos municípios. Ninguém vive no Estado ou União, que são entes abstratos, o município é concreto. É nele que estão os problemas e precisamos construir as soluções. Para isso temos que ter o devido financiamento”.

Apesar da avaliação de que as prefeituras estão assumindo responsabilidades cada vez maiores com arrecadações menores, inclusive assumindo encargos que deveriam ser da União, o tom foi de otimismo com as reformas propostas no Congresso Nacional. Segundo Aroldi, a interlocução da CNM com o Executivo e o Legislativo tem sido intensa nos últimos meses.

O presidente da CNM disse que os prefeitos devem pressionar os deputados para aprovar, nos mesmos moldes que o Senado já fez, a PEC 98/2019 – chamada de PEC da cessão onerosa – que garante a divisão dos recursos do leilão do pré-sal com os estados e municípios. A votação na Câmara de Deputados está prevista para o dia 6 de novembro. “Serão ao menos R$ 10,9 bilhões transferidos aos cofres municipais. A Marcha de Prefeitos à Brasília conquistou o apoio do presidente Bolsonaro e do Ministro da Economia, Paulo Guedes, e agora é hora de praticar o discurso prometido de ‘Mais Brasil, Menos Brasília’ e colocar dinheiro na ponta”, disse o presidente da Confederação.

As reformas também estão na pauta do Congresso dos Prefeitos, principalmente a Reforma da Previdência. Segundo Glademir Aroldi, não incluir os estados e municípios nessa proposta seria uma enorme injustiça, e que é extremamente importante incluir os municípios que já têm o regime próprio na reforma previdenciária. “Nosso levantamento mostra que se o os 2108 municípios que estão no regime próprio forem incluídos haverá economia de R$ 41 bilhões nos próximos quatro anos. Dinheiro que fica nas prefeituras para prestar serviços de melhor qualidade”, explicou. A redução média de despesas seria de 25% ao ano.

Também é essencial, segundo o presidente da CNM, mudar o texto aprovado pelo Senado que proíbe a migração de quem está no Regime Geral da Previdência Social (RGPS) para o Regime Próprio da Previdência Social (RPPS). “Se os outros 3.460 municípios puderem fazer essa migração, a economia, no mínimo, dobraria”, pontua.

O Congresso de Prefeitos 2019 deve reunir cerca de 2.500 gestores públicos até às 17 horas de hoje, quando se encerra o evento.