Nove alunos de escolas públicas do município representam o Brasil na competição realizada em Taiwan

Tudo começou assim: a rede municipal de ensino de Criciúma ofereceu para as escolas, no contraturno escolar, a ideia da criação de um clube de matemática. Nesse clube, a professora Marlene Jucélia Beloli se interessou e os alunos compraram a ideia.

“São 25 alunos que participam desse clube. Eles têm desafios todos os dias trabalhando a matemática na prática e a gente descobriu que tinha a Olimpíada Internacional Sem Fronteiras. A gente se inscreveu e, para nossa surpresa, os nossos alunos ficaram em primeiro lugar nacionalmente”, explica Marlene Pizetti, diretora da Escola Dionízio Milioli.

Com a conquista, os alunos foram convidados a participarem das Olimpíadas de matemática no dia 4 de julho, em Taiwan, no continente asiático. Encararam 23 horas de voo. Mas já estão prontos para representar Criciúma e o Brasil na Ásia. A competição começa domingo e vai até a quinta-feira.

Os alunos estão sendo acompanhados de perto pelo vice-prefeito de Criciúma, Ricardo Fabris, secretária municipal de Educação, Roseli de Lucca, diretoras da EMEF Dionízio Milioli e Jorge da Cunha Carneiro, além de uma professora de cada unidade escolar.

Segundo Roseli, esse é um momento muito importante para Criciúma. “É gratificante ver onde os nossos alunos podem chegar. Esta olimpíada mostra que estamos no caminho certo, são estudantes da rede municipal que irão representar o nosso país no outro lado do mundo. É emocionante ver o trabalho sendo concretizado e ver o empenho deles. Isso mostra que é possível acreditar”, destaca.

Mãe do aluno Jhoni Cauan Freitas, do 8° ano da EMEF Dionízio Milioli, Janice Freitas não escondeu a emoção ao ver o filho iniciar a viagem para Taiwan. “A gente fica com o coração na mão, mas temos que deixar voar, seguir os seus sonhos. Ele sempre foi bom em Matemática e ter se destacado no meio de tanta gente é um orgulho. É o meu menino de ouro”, enfatiza.

Contagiou

Segundo ela, o clube de matemática e a conquista dos alunos contagiou a escola. “Desde a coordenação, orientação, professores e alunos, todos estão contagiados com tudo isso. O conhecimento ultrapassa fronteiras”, diz a diretora.

Todas as quintas-feiras, das 13h às 16h, os alunos se reúnem no clube. “A matemática no clube é realizada de forma mais lúdica e sai um pouco da matemática de sala de aula, que é mais pedagógica. A gente trabalha com brincadeiras, com conceitos e eu isso faz com que eles possam se aproximar e gostar da matemática de uma forma mais divertida”, explica a professora de matemática, Marlene Jucélia Beloli.

Segundo ela, a Olimpíada abriu as portas e os alunos ficaram mais interessados na disciplina ao verem os resultados dos colegas na olimpíada internacional. “Eu vejo um grande crescimento de interesse na matemática pelo resultado obtido pelos alunos, porque na minha escola alunos de todas as turmas foram premiados e o interesse em participar dos clubes de matemática aumentou consideravelmente. E esses clubes de matemática abrem muitas portas para eles”, ressalta a professora.

Prova em inglês

Em Criciúma, nove alunos irão representar o Brasil na Olimpíada disputada em Taiwan. O maior desafio neste momento é relacionado ao idioma. Isso porque a prova conta com apenas duas opções: mandarim (chinês) e inglês. Dessa forma, o professor Luiz Fernando, que leciona a disciplina de história na escola (mas também domina a língua inglesa) ensinou a língua inglesa aos alunos que participarão da olimpíada.

“Não tivemos férias de julho, porque a escola esteve aberta para os alunos estudarem matemática e inglês. A gente vai fazer o máximo possível para representar bem o Brasil”, afirma a diretora Marlene Pizetti, que trabalha na rede pública de ensino há 29 anos.

A professora de matemática afirma que desde o momento que eles receberam o resultado que tinham sido medalhistas de ouro nacionalmente, os alunos começaram a aperfeiçoar os conhecimentos na língua inglesa. “Resolvemos questões de olimpíadas anteriores de matemática, trabalhando constantemente na parte do inglês com o professor e todos estão empenhados para que essa etapa internacional seja um sucesso”, revela.

A prova será realizada de forma individual e as respostas terão resultado divulgado no dia seguinte. “São 30 questões e todas descritivas. Além do desafio da língua estrangeira, existe o desafio do tempo. São 60 minutos para resolver as questões”, explica.

Valorização do ensino público

Em 2018, a Escola Jorge da Cunha Carneiro já havia participado da Olimpíada Internacional de Matemática Sem Fronteiras. “Em 2019, como a gente está nos clubes de matemática em Criciúma, a nossa coordenadora sugeriu que a gente participasse dessa olimpíada com os clubes e com os alunos da escola. Surpreendentemente nós fomos os primeiros colocados do oitavo ano em nível nacional”, lembra Beloli.

Em Criciúma, são 22 escolas do Ensino Fundamental 2 que contam com clube de matemática. Participarão da etapa internacional três alunos das escolas Dionízio Milioli, do bairro Ana Maria, Jorge da Cunha Carneiro e Lili Coelho.

“O que essa conquista tem de mais importante é a valorização da escola pública. Nós somos os primeiros colocados acima de qualquer escola, inclusive escolas particulares. A gente tem que valorizar a escola pública e reconhecer que ela é tão importante quanto as escolas particulares”, ressalta a professora Marlene Beloli.

“Desde que a gente trabalhe com sinceridade, desde que os municípios disponibilizem recursos necessários e valorizem cada vez mais o ensino público de qualidade, os resultados positivos surgem. Essa é uma conquista não só da escola, mas de todos os professores, alunos e de toda comunidade. A escola pública é muito importante”, pontua a professora.