Coluna Economia em Foco – 10/07/2019

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Economia doméstica – Política Monetária I

No Brasil, os indicadores de inflação mostram um cenário confortável com baixa probabilidade de observarmos uma alta no nível de preços ao longo do ano. Esse argumento é sustentado pelos indicadores dos níveis de atividade econômica que seguem lento no ano corrente. A inflação controlada e os baixos níveis de crescimento, conforme apresentado nas últimas colunas, apontam para uma probabilidade maior de afrouxamento monetário nos próximos meses. Se a reforma da previdência for aprovada pelo plenário da Câmara e o Senado, conforme o texto base proposto recentemente pela comissão especial da reforma da previdência, as possibilidades de redução na taxa de juros serão críveis para serem realizadas no curto prazo.  A combinação da aprovação da reforma da previdência, o baixo nível de atividade econômica e o controle dos níveis de preços corroboram com a perspectiva de queda nos juros. Este é o cenário base que estou utilizando para prever a atividade econômica e alocar de forma racional os recursos no mercado financeiro.

Economia Internacional – Política Monetária II

No que concerne a política monetária internacional, o aumento das expectativas de que os Estados Unidos e a Europa possam alterar suas taxas de juros tem movimentado o mercado financeiro. O economista e presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, apontou que, caso a atividade econômica europeia não apresente melhoras no curto prazo, o afrouxamento monetário será necessário para estimular o crescimento dos países que compõem o bloco econômico. Nos Estados Unidos o Banco Central norte americano (FED) manteve a taxa de juros do país em sua última reunião mas apontou para uma possível alteração nas próximas reuniões.

Reforma Tributária e Privatizações

Após a aprovação da nova previdência o foco da política econômica estará voltado para a reforma tributária, desestatizações e desinvestimentos. A simplificação dos impostos e a desvinculação do orçamento público serão o foco das discussões entre o legislativo e o executivo a partir do último trimestre do ano e ao longo de 2020. A redução da carga tributária e sua simplificação terão como objetivo principal estimular a competitividade da economia brasileira. O ideal é que o aumento da competitividade das instituições brasileiras ocorra antes que o acordo do Mercosul com a União Europeia e o ingresso do Brasil na Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE) sejam efetivados. Para corrigir outro grande desequilíbrio fiscal, além do sistema previdenciário, as despesas com os juros da dívida devem ser reduzidas com as desestatizações e o desinvestimento, pelo menos esta é a proposta da equipe econômica liderada por Paulo Guedes, atual Ministro da Economia, e que em partes já vem sendo implementada. Estas medidas devem ser realizadas para reverter a trajetória de crescimento da dívida federal e reduzir a taxa de juros estrutural da economia. Isso só será possível pois os fundamentos fiscais estão sendo direcionados para a trajetória de crescimento equilibrado no longo prazo, precisamos de estabilidade macroeconômica para que a economia volte a apresentar taxas de crescimento a fim de reduzir o hiato do produto.

Agenda Econômica   

Nessa terça-feira, nos Estados Unidos, foi divulgado o número de Oferta de Emprego JOLTs (Job Openings and Labor Turnover Survey). Esse relatório é utilizado pelos economistas para analisar o mercado de trabalho e caracterizar o ciclo econômico de negócios. A expectativa do mercado para esse indicador é de que a oferta de empregos seja de 7,47 milhões de empregos abertos nas áreas comercial, industrial e de escritórios. Também na terça-feira será divulgado o Índice de Preço ao Consumidor (IPC) na China, a projeção é que os preços no mercado chinês tenham aumentado em cerca de 2,7% no acumulado do ano. Na quarta-feira, o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) será divulgado no Brasil, a prévia aponta para um valor acumulado nos últimos doze meses de 4,72%. No mesmo dia o FOMC (Federal Open Market Committee), uma das principais comissões que compõem o FED (Federal Reserve System), divulgará a ata da reunião fornecendo percepções importantes sobre a posição da entidade sobre a política monetária norte americana. Na quinta-feira, o Banco Central Europeu também divulgará a ata de sua reunião indicando a direção futura da taxa de juros. No mesmo dia, o Índice de Preço ao Consumidor (IPC) será divulgado nos Estados Unidos, a previsão é de 2% no acumulado dos últimos doze meses.  Já, o Índice de Preço ao Produtor (IPP), também no país norte americano, será divulgado na sexta-feira.  Na zona do euro, também na sexta-feira, será divulgado o índice de produção industrial referente a maio, a projeção é de crescimento em torno de 0,2% em relação a abril.

Thiago R. Fabris