Em 10 anos, homicídios aumentam 67% em Santa Catarina

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Rio de Janeiro - Campanha contra homicídios de jovens negros pinta centenas de silhuetas de corpos no chão do Largo da Carioca (Fernando Frazão/Arquivo Agência Brasil)

Mesmo com os números, Estado ainda possui uma das menores taxas de mortes violentas do país

O número de homicídios em Santa Catarina subiu 68,7%, em 10 anos. De acordo com dados do Atlas da Violência, publicado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), o número de mortes violentas no Estado subiu de 632, em 2007, para 1.066, em 2017.

Mesmo assim, os números apresentados estão entre os menores do país. Em Santa Catarina, em 2017, para cada grupo de 100 mil pessoas, 15,2 foram vítimas de homicídio. No Brasil, a mesma taxa subiu de 25,5 mortes a cada 100 mil pessoas para 31,6, um aumento de 24%, nos 10 anos analisados pelo estudo.

Entre os estados vizinhos, Santa Catarina também tem o menor número de homicídios. O Paraná, mesmo com uma redução de 11,1%, teve 2.759 homicídios: 24,4 mortes para cada 100 habitantes.

Já no Rio Grande do Sul, os números de mortes violentas seguem aumentando. Em 2007, foram registrados 2.199 homicídios. Uma década depois, o estado contabilizava 3.316 mortes, um aumento de 50,8%. No mesmo período, o índice de mortes a cada 100 mil habitantes subiu de 19,8 para 29,3.

Queda nos últimos anos

A Polícia Militar informou que, nos últimos dois anos, ou seja, fora do período de abrangência do levantamento da pesquisa do Ipea, os índices de homicídio estão reduzindo no Estado. Isso se deve ao aumento das ações e operações policiais.

“A tendência é de diminuição, como mostram os últimos números, pois a cada mês, devido a intensidade das ações e operações policiais, os números diminuem, aumentando a segurança para os cidadãos de SC”, diz a nota da Polícia Militar.

Desarmamento ajudou

Segundo a pesquisa do Ipea, o Estatuto do Desarmamento ajudou a frear a taxa de crescimento dos homicídios no país. O estudo mostra que, nos 14 anos anteriores ao estatuto, os assassinatos por arma de fogo no Brasil cresciam em média 5,5% ao ano. Depois do estatuto, de 2003 a 2017, essa taxa caiu para menos de 1% ao ano.

“Algo aconteceu no Brasil em 2003 e esse algo que aconteceu não gerou impactos para toda a violência no Brasil, não gerou impactos para a violência não armada. Apenas para a violência armada. Salvou vida”, diz o coordenador do estudo, Daniel Cerqueira.

Jovens e negros

Jovens entre 15 e 29 anos são a parcela da população mais atingida pela violência. Só em 2017, 35 mil foram assassinados, o que faz do Brasil um país com uma geração perdida.

A violência também reflete a desigualdade: 75% das vítimas de homicídios são negras. Os assassinatos de mulheres também vêm crescendo: foram quase cinco mil no ano da pesquisa.