Empresário busca apoio em Brasília contra Projeto de Lei

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Coordenador da Associação Brasileira da Indústria do Plástico, Anselmo Freitas foi a capital e voltou com boas notícias para o setor

Em viagem a Brasília nessa semana, o empresário Anselmo Freitas, que também é coordenador da cadeia de produtos descartáveis dentro da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), buscou apoio de senadores e deputados em relação ao Projeto de Lei que tramita no Senado e trata da proibição do uso de plástico na produção de utensílios e descartáveis. Na bagagem trouxe um saldo positivo.

“A viagem foi positiva. Junto dos membros da Abiplast e da Plastivida Instituto Sócio Ambiental Plásticos fui recebido pelo senador Esperidião Amin e pelos deputados federais Ângela Amim e Daniel Freitas os quais se comprometeram a atender as reivindicações do setor e procurar o relator do projeto para sugerir algumas alterações. Nos próximos dias, provavelmente, uma audiência pública será marcada para ouvir toda a cadeia do setor: os produtores, consumidores, transformadores. Para que todos coloquem suas necessidades e dificuldades”, declarou. Entre os deputados catarinenses que anunciaram apoio também está Geovania de Sá.

O Projeto de Lei

O empresário também relatou que o projeto em questão (PLS 263/2018) proíbe a fabricação e o uso de produtos descartáveis. “Sendo eles pratos, talheres, copo, ou seja, qualquer tipo de embalagem de uso único. Isso é tão maluco, pois proíbe até a produção de bolsas, àquelas utilizadas nas doações de sangue. Um verdadeiro absurdo”, avalia, acrescentando que o objetivo da discussão não é evitar que o projeto siga seu curso.

“Nossa ideia é que o Projeto de Lei receba alterações. E que leve até as escolas o ensinamento correto de como utilizar o plástico de maneira consciente. Que o produto seja depositado em locais adequados e devidamente reciclado, pois o plástico pode ser reciclado inúmeras vezes, mas é importante que ele tenha destino certo”.

“Poluição visual”

De acordo com o empresário, o plástico polui visualmente. “Em visita a um amigo e empresário do ramo, em uma cidade satélite de Brasília, vi um enorme lixão onde as pessoas descartam qualquer produto. Se todos os produtos depositados inapropriadamente deixassem de ser produzidos, como seria? Pois nesse lixão havia vidros, restos de móveis, colchões, roupas e isso ocorre em todos os locais. Então, tenho a opinião de que o plástico pode até poluir, mas visualmente. Para se ter ideia o vidro polui tanto quanto o plástico, mas a garrafa pet, por exemplo, pode ser reciclada e tem valor comercial; já o vidro, não”, explicou.

Questionado sobre a utilização de produto biodegradável na produção de descartáveis, Anselmo ressalta que “hoje não existe material degradável suficiente para substituir o plástico no mundo. Nem mesmo o papel, pois para haver essa substituição um número maior de árvores teria que ser plantadas e as mesmas só poderiam ser utilizadas dentro de, em média, oito anos. Acredito que a conscientização para o devido descarte aconteça em menos tempo”, destacou.

Também sobre a questão da utilização de biodegradável o empresário afirma que o valor é praticamente quatro vezes maior. “O material biodegradável quadriplica o preço do produto. Isso ou mais, pois até então não temos um número exato de quanto custaria o mesmo produto feito sem o uso do plástico”, pontua.

Avanço conquistado

Ainda com respeito ao projeto 263/2018, um avanço já foi conquistado. “O mesmo já estava indo para a votação, mas com o apoio do senador Esperidião Amin, foi retirado de votação e vai para a comissão de assuntos econômicos, onde ele não havia passado, ou seja, havia uma irregularidade. Nesta comissão devem ser analisados quais os impactos deste Projeto de Lei”, assinalou, contando que o mesmo ainda não tem data para entrar em votação.

“Nós entendemos que o problema do plástico é a falta de educação, a falta de consciência e de políticas governamentais que criem matérias que façam a população entender que o plástico precisa ser reciclado, que ele não deve ser colocado em qualquer local. Que não seja descartado na rua, nos rios, nos mares, pois ele é importante. Vale lembrar que esse material, aliás, o copo plástico, veio para o Brasil em 1974 para evitar a transmissão de doenças. Na época havia um surto de hepatite e o copo descartável começou a ser usado para tomar água, refrigerante. Assim tivemos um produto economicamente viável, mas com o problema do descarte incorreto. Por isso entendemos que proibir não é a solução”, avalia.

Freitas destaca também que até mesmo o alimento é jogado fora de maneira incorreta. “O alimento deveria se tornar compostagem para ser usado como adubo, mas ao invés disso é colocado no lixo comum, vai parar nos lixões e, consequentemente, produz o chorume que também causa danos ao meio ambiente. Neste processo todo o plástico acabou se tornando o vilão mesmo com todos os produtos são desprezados erroneamente. Volto a repetir que não adianta proibir, é necessário educar”, completa.