Portas fechadas na maternidade do HSD

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Serviços serão interrompidos a partir do dia 1° de junho, já que o Estado não fará mais o repasse de R$ 150 mil

A partir de 1° de junho o primeiro choro de dezenas de crianças não ocorrerá mais no Hospital São Donato de Içara. A instituição decidiu descontinuar o serviço de maternidade, após uma reunião com o secretário de Estado da Saúde, Helton de Souza Zeferino, em que ele avisou que o Estado não fará mais o repasse de R$ 150 mil referentes ao setor.

“Infelizmente o conselho está saindo triste, decepcionado. A gente não entende como o Estado deixa de fazer o atendimento à população mais carente. O Hospital São Donato atende 95% pelo SUS. Mas a gente não sabe o que o Estado quer com o hospital. Só sabemos que a partir de 1º de junho, não tem mais o pagamento desse valor, que é 150 mil que mantinha o atendimento de maternidade 24h. Se é a vontade do Estado que o Hospital São Donato não faça mais serviço, que assim seja”, afirmou o presidente Waldemar Luiz Casagrande.

Com o fechamento da maternidade do HSD, todos os partos serão encaminhados para o Hospital Materno Infantil Santa Catarina, em Criciúma, onde nesta semana, foi discutida a possibilidade de uma greve dos profissionais.

“A maternidade pública que existe agora na região Sul é o Materno Infantil em criciúma. Então essas gestantes podem procurar o Materno Infantil para atender a comunidade. O Hospital São Donato, pelo alto custo que existe da maternidade, não vai ter como dar continuidade ao serviço de plantão 24 horas da obstetrícia e da maternidade”, destacou o diretor-administrativo, Júlio César De Luca.

Pelas dificuldades, um plano para contenção de despesas foi avalizado pelo Conselho Deliberativo da fundação filantrópica e apresentado aos colaboradores. Cerca de 15 funcionários devem ser demitidos com o fechamento da maternidade.

“Funcionários vão ser afastados ou demitidos. Já que a gente não presta o serviço, não podemos manter. O valor que recebemos do Estado é um valor que quase não cobre as despesas. Acabando o contrato, a gente vai ter que fazer um plano de demissão”, completa o presidente.

União de esforços

                Com o fechamento definitivo da maternidade do Hospital São Donato, forças políticas de Içara e Criciúma se uniram para tentar reverter a situação. Prefeitos da Amrec, além das câmaras de Içara e Criciúma promoverão hoje pela manhã, uma reunião para discutir ações.

“Não vamos aceitar essa condução do Estado. Hoje o HMISC, que já faz 300 partos por mês, não comporta mais 90 a 100, que é a demanda do São Donato. Não tem condições, nesse cenário, de perdemos a outra maternidade que temos, em Içara”, afirmou o vereador Tita Beloli, de Criciúma.

O caso também deve ser levado ao governador Carlos Moisés durante o Fórum Parlamentar, que ocorrerá também na manhã de hoje na Acic. Segundo o diretor-administrativo.

O caso

                Desde o início de maio, a Hospital São Donato ameaçava parar os serviços de maternidade, pois estavam há seis meses sem receber o repasse do Estado, de R$ 150 mil ao mês. O Governo, por sua vez, dizia não reconhecer o contrato, vigente desde 2015.

Após a iniciativa de uma comitiva da região, o Estado reconheceu a dívida, mas demorou quase duas semanas para fazer um pagamento de R$ 300 mil, referentes a dois meses. A direção do HSD buscava a renovação do contrato para manter os serviços, mas com o aviso de que o repasse não será mais realizado, os serviços serão descontinuados.