Coluna – Economia em foco 14/05/2019

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A bolsa essa semana

Ao que tudo indica, o índice Bovespa permanece em fase de consolidação, conforme apontado pela coluna nas últimas semanas. Esse sinal pode ser interpretado como uma boa vontade do mercado financeiro com relação ao cenário político atual, – a falta de celeridade com as discussões e a própria aprovação da reforma da Previdência –, aliada a volatilidade vivenciada nas últimas semanas mediante o impasse político causado pelo aumento das alíquotas de importação dos Estados Unidos para bens produzidos na China. O índice Bovespa vem respeitando bastante o patamar mínimo na casa dos 93.000 pontos nessa fase de consolidação, embora tenha despontado para uma leve tendência de queda desde o dia 3 de maio. O índice Bovespa operou nas últimas semanas na faixa entre os 93.000 e 98.600 pontos, permanecendo praticamente nos mesmos patamares observados há algumas semanas atrás.

O dólar futuro essa semana

O mercado dos contratos futuros de dólar permanece aquecido, em tendência de alta, e boa parte desse movimento se explica pelo impasse Estados Unidos – China. Entretanto… essa tendência tem se desacelerado nos últimos dias. O mercado precificou a moeda na máxima de 4,032 R$/US$ em 28 de março, mas não obteve força suficiente para ultrapassar esse valor nas negociações dos dias posteriores. Houveram máximas registradas de 4,015 R$/US$ e 4,009 R$/US$ nos dias 25 de abril e 7 de maio, respectivamente.

O dólar futuro essa semana II

Devemos ficar de olho nas cotações nos próximos dias pois, considerando a tendência de alta observada, o valor das negociações da moeda tem se aproximando do patamar que os economistas denominam de “preço de suporte”. O preço de suporte representa uma espécie de “piso” sobre o qual os preços costumam se assentar e, caso as negociações de mercado não rompam para valores abaixo desse piso, isso representa fortes indícios de que a moeda poderia continuar sua trajetória de ascensão. Avaliamos esse preço de suporte no momento na casa dos 3,950 R$/US$ atualmente. Se o mercado decidir romper esse suporte, haverá fortes indícios de que a moeda entrará em uma ligeira fase de consolidação, assim como o índice Bovespa, ou seja, sem tendências de alta ou de baixa definidas. O que irá acontecer nos próximos dias? Vamos aguardar para assistir a briga da cotação do dólar, que promete algumas emoções nos próximos dias.

O IPCA de abril

O IBGE divulgou recentemente o resultado do IPCA para o mês de abril de 2019. O valor registrado pelo índice foi a variação de 0,57% para esse mês, totalizando a inflação acumulada para o ano em 1,76%. O acumulado nos últimos doze meses é de 4,52%, valor próximo ao patamar da meta estabelecida pelo Conselho de Política Monetária para a taxa de inflação, indicando que a política monetária vem seguindo o rumo da normalidade. A meta estabelecida para o ano de 2019 é de 4,25% com limite de variação tolerada em 1,5%. O valor do IPCA de abril manteve-se próximo àquilo que normalmente vem sido observado para esse mês há mais de dez anos. A máxima atingida pelo IPCA em um mês de abril nos últimos dez anos foi em abril de 2011, sob a gestão do Banco Central do governo Dilma Rousseff, com alta de 0,77%. Nesse mesmo período a mínima foi de 0,14%, registrada em 2017.

Expectativas para a Economia

O Relatório Focus, divulgado semanalmente pelo BACEN, resume as estatísticas calculadas considerando as expectativas de mercado coletadas até a sexta-feira anterior à sua divulgação, sendo sempre divulgado em todas as segundas-feiras. O relatório traz o comportamento semanal das previsões para índices de preços, atividade econômica, câmbio, taxa Selic, entre outros indicadores. Essas informações são muito influentes para a conduta da Política Monetária executada pelo BACEN, pois direcionam o rumo da taxa de juros SELIC. Atualmente a previsão do mercado para o crescimento do PIB foi revisada para baixo: enquanto o mercado acreditava há quatro semanas atrás que o crescimento do PIB seria de 1,97%, no presente esse valor foi reduzido para 1,49%. Os analistas do mercado financeiro mantiveram estável suas expectativas para a taxa SELIC, apontando a permanecia do valor de 6,50% ao ano, assim como as expectativas para a inflação: o mercado considera que o IPCA pode atingir 4,04% até o fim de 2019. O valor esperado para o dólar até o fim do ano permanece aumentou em comparação ao que se acreditava há um mês atrás, com valor esperado de 3,75 R$/US$ no fim de 2019.

Expectativas para a Economia II

O mercado tem revisto frequentemente o valor esperado para o saldo em Conta Corrente, mensurado em bilhões de dólares. Atualmente o mercado prevê que o saldo para o fim de 2019 será de US$ -25,29 bilhões. Essa conta registra as entradas e saídas devidas ao comércio de bens e serviços, bem como pagamentos de transferências do Brasil com o exterior. Há pouco mais de 4 semanas o mercado acreditava que esse valor seria ainda menor, em torno de US$ -26,00 bilhões. Os Investimentos Diretos no País esperados para 2019 permanecem no valor de US$ 82,00 bilhões, por sua vez.

Expectativas para a Economia III

Os analistas têm também revisado, para cima, suas expectativas quanto à evolução da Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) em termos percentuais do PIB. Atualmente o valor estimado pelos analistas é que a DLSP corresponda a 56,30% do PIB em 2019 e com valor crescente ao longo do tempo, atingindo o máximo de 61,10% do PIB em 2022.

Economista Amauri de Souza Porto Junior – Professor do curso de Ciências Econômicas da UNESC