Os rumos da saúde pública preocupam gestores da região, que se deparam com problemas como atrasos no repasse de recursos por parte do Governo do Estado e na ativação de serviços pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Assim, a semana começou com a mobilização da classe política, em busca de soluções.

Em reunião realizada na sede da Associação dos Municípios da Região Carbonífera (Amrec), em Criciúma, os prefeitos receberam deputados federais e estaduais, vereadores, bem como representantes da Unesc, da Associação Empresarial de Criciúma (ACIC).

O secretário executivo da Amrec, Acélio Casagrande, disse que o encontro foi o início de um trabalho de articulação regional. “Queremos tirar do papel muitas obras e ações que ainda precisam acontecer”, comenta.

Na área da saúde, o destaque ficou para abertura da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Donato; o problema que vem se criando pela falta de reposição dos profissionais do programa Mais Médicos; além do fortalecimento dos serviços regionais para diminuir o atendimento aos pacientes fora do domicilio (foi citada a clínica auditiva que está pronta, dependendo da autorização do Estado).

“Cada entidade esteve aqui, teve a chance de contextualizar cada um desses problemas. Agora vamos tentar encaminhar as soluções”, afirma o prefeito de Criciúma e presidente da Amrec, Clésio Salvaro.

 

Prazo

 

Em relação aos leitos de UTI no São Donato, uma reunião foi realizada em Florianópolis na semana passada com o secretário de Saúde, Helton Zeferino, pleiteando que o Estado assuma o custeio, para que haja uma série histórica de atendimentos e isso viabilize que o Governo Federal, através do Sistema Único de Saúde (SUS) passe a custear os serviços.

“O prefeito (Murialdo Gastaldon) esteve com a equipe do hospital conversando com o secretário de Estado da Saúde para agilizar a habilitação da UTI o mais rápido possível, para que a gente possa dar mais segurança à população, com mais vagas de UTI quando necessário. O secretário sinalizou que vai dar uma resposta dentro de 30 dias”, lembra a secretária de Saúde do município, Jaqueline dos Santos.

Ela ressalta que todo o fluxo SUS passa pela regulação do Estado, e assim pacientes de outras regiões de Santa Catarina poderiam ocupar as vagas no hospital de Içara quando necessário.

Já Gastaldon frisa que foram discutidos com Zeferino também os atrasos nos repasses para a manutenção da maternidade no São Donato. “Ele não se manifestou em relação às duas situações. Imaginei que ele já teria uma resposta, pois sabia o teor da conversa”, aponta.

“Em relação à maternidade, são recursos para a manutenção dos serviços que estão atrasados desde dezembro. No caso da UTI, o governo investiu R$ 5,3 milhões na construção e não tem como deixar isso parado. Hoje tem 20 leitos de UTI que atendem pelo SUS no São José (de Criciúma). Dez leitos significam um aumento de 50%. É fundamental que se inicie, porque é um assunto de vida ou morte”, defende o prefeito.

 

Diretores de hospitais pedem apoio a parlamentares

 

Gestores de hospitais filantrópicos de Santa Catarina também se reuniram em Criciúma com deputados e seus representantes, para apresentar uma pauta de reivindicações. O encontro ocorreu na segunda-feira, na sede da Associação Empresarial da cidade (ACIC).

“Nós queremos fazer uma saúde de qualidade, com segurança. Para isso, nós precisamos dos políticos, principalmente dos deputados estaduais e federais”, justifica Altamiro Bitencourt, presidente da Associação dos Hospitais de Santa Catarina.

A pauta discutida deu ênfase nos R$ 180 milhões que são previstos para os hospitais filantrópicos em projeto apresentado pelo deputado José Milton Scheffer, aprovado pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), mas vetado pelo Executivo. A matéria segue em análise no parlamento catarinense.

“Nós queremos derrubar esse veto e estamos recebendo a solidariedade dos deputados estaduais, que vão derrubar este veto. Os R$ 180 milhões representam R$ 25 milhões só para o Sul do Estado, que serão distribuídos proporcionalmente, conforme a produção”, informa Bitencourt.

Além disso, os hospitais tentam manter os 15% do orçamento estadual sendo aplicados na saúde, matéria já aprovada, mas que o Estado pretende derrubar, conforme recurso apresentado junto ao Supremo Tribunal Federal. “Nós temos que manter os deputados juntos conosco, para que esta ação não tenha efeito negativo para os hospitais. Nós atendemos 80% do SUS (Sistema Único de Saúde). Ninguém trabalha de graça, temos custos com medicamentos, alimentação, e esses custos precisam ser cobertos”, sustenta o presidente da associação.