Inaugurada em dezembro, a Unidade de Terapia Intensiva do Hospital São Donato, de Içara, está pronta para funcionar, mas continua com seus dez leitos vazios. Isso porque ainda não se decidiu quem vai custear os serviços. Como o município não teria condições de arcar com o custeio, a esperança é de contar com recursos do Estado até que o Sistema Único de Saúde (SUS) assuma.

Um pedido nesse sentido foi apresentado ao secretário de Saúde, Helton Zeferino, em audiência realizada na segunda-feira, em Florianópolis. Porém, o gestor pediu prazo para dar uma resposta

“Fomos ver duas questões. A primeira da UTI, da possibilidade de pagamento no campo administrativo, através da Secretaria de Saúde, mas tem que ser uma coisa feita com bastante critério, porque a secretaria está numa situação financeira delicada, com algumas dívidas do passado. Para assumir mais uma despesa nesse momento, é um pouco complicado, mas o secretário disse que dentro de 30 dias nos dará uma resposta”, explica o gerente administrativo da unidade hospitalar, Júlio De Luca.

“A partir de que eles comecem a pagar o custeio da UTI, até que o Governo Federal habilite os dez leitos em Içara, isso pode levar de seis meses a um ano. Provavelmente o secretário vai fazer uma visita ao nosso hospital”, acrescenta.

Segundo ele, o protocolo da UTI está pronto junto à Secretaria de Estado da Saúde e agora depende da vontade política de querer colocar os dez leitos à disposição da população. Quanto mais rápido colocar a funcionar, mais rapidamente construiremos a nossa série histórica (de atendimentos). O município não tem condições de assumir esses custos, então, temos que esperar pelo Estado ou o Governo Federal”, aponta.

 

Alta complexidade

 

O gerente administrativo reforça a necessidade de o Hospital São Donato pleitear uma ou duas altas complexidades, talvez em ortopedia e cirurgia vascular. “As altas complexidades dependem da UTI, como a cirurgia de quadril, que precisa do leito de retaguarda. É uma segurança para o paciente. Tem uma fila muito grande na região e o São Donato pode ser parceiro do SUS para diminuir essa fila”, diz De Luca.

“Isso ficou alinhavado, porque demora um pouco. A gente sabe que tem entraves burocráticos e isso não é surpresa. Sempre projetei para abril a habilitação efetiva da UTI e estamos dentro da média. É preciso encaixar no orçamento do Estado”, pondera.

 

Repasses para a maternidade e incentivos hospitalares estão atrasados

 

De acordo com Júlio De Luca, a conversa de segunda-feira também abordou o atraso nos pagamentos da maternidade. Para manter o setor funcionando, custa R$ 200 mil por mês. “Desse valor, R$ 150 mil vêm do Estado e R$ 50 mil do município. Temos um contrato há quatro anos com o Estado e não seria justo que o hospital sofresse qualquer tipo de interrupção por conta dos atrasos”, avalia.

“O secretário pediu também 30 dias para dar uma resposta definitiva sobre isso. O hospital tem praticamente R$ 600 mil para receber, referentes a dezembro, janeiro, fevereiro e já estamos na metade de março. Temos compromissos para pagar com nossos profissionais médicos”, ressalta De Luca.

Ele lembrou ao secretário que o Hospital Santa Catarina também atende a região, porém, não absorve toda a demanda. “O Materno Infantil não tem capacidade para atender toda a região. Há 15 dias havíamos feito uma reunião na Regional de Saúde e ficaram mapeados os municípios que seriam referenciados para a maternidade de Içara: Urussanga, Morro da Fumaça, Forquilhinha, Siderópolis, Lauro Müller, Içara e Balneário Rincão. O Materno Infantil ficaria mais com gestantes de alto risco”, cita o gerente administrativo do São Donato.

Segundo ele, os incentivos hospitalares concedidos pelo Estado também estão em atraso. “O Estado deve dois meses de incentivos (R$ 25 mil/mês), que deve pagar este mês agora. Com exceção da maternidade, o restante está em dia. Foi um primeiro contato com o secretário e uma conversa bastante franca. Colocamos toda a situação, que o hospital é um parceiro do Sistema Único de Saúde (SUS), fizemos os mutirões de catarata, otorrino, cirurgia geral, ortopedia”, completa De Luca.

“Vamos aguardar os próximos 30 dias para que tenhamos uma posição oficial sobre esses dois assuntos que nos preocupam”, declara o prefeito Murialdo Gastaldon, que articulou e participou da reunião com o secretário Helton Zeferino.

Atualmente o Hospital São Donato conta com 81 leitos ativos.