As temperaturas de 40ºC, registradas durante o mês de janeiro em Içara, atingiram negativamente o sítio em Esplanada do agricultor e avicultor Felix Guollo. A principal cultura prejudicada pelo calorão, segundo ele, foi a de milho, que estava em processo de germinação, ou seja, ainda em fase inicial de desenvolvimento. “Na germinação do milho, perdi cerca de 10%”, estima Guollo.

De modo geral, as altas temperaturas do mês passado causaram pequenos prejuízos às plantações na cidade. Enquanto alguns agricultores registraram perdas, outros não tiveram as lavouras afetadas.

Além de oito hectares de plantação de milho, o produtor de Esplanada cultiva soja em um terreno arrendado, cerca de nove hectares de terra, e futuramente dará início ao cultivo de feijão, o qual aguarda a época certa para plantar. Entretanto, as perdas se restringiram apenas à produção de milho.

“O calor de dezembro me deu um prejuízo na plantação de milho”, conta o agricultor Vilmar Budny, de Santa Cruz, que em janeiro perdeu também no cultivo de soja. “Teve uma parte da soja que não nasceu”, relata. Budny tem cerca 137 hectares de plantação, sendo 60 de milho, 40 de soja, 30 de feijão e sete de fumo.

Por outro lado, Valmir Joaquim dos Santos, agricultor na comunidade de Esperança, não notou danos à plantação de milho com o calor de janeiro. “Não tive nenhum prejuízo, graças a Deus”, agradece.

O içarense cultiva cerca de dez hectares, revezando as lavouras de milho e fumo durante o ano. “Eu plantei fumo e já colhi. Agora estou plantando milho”, detalha.

 

Hortaliças

 

Por serem mais sensíveis à exposição solar e às altas temperaturas, as hortaliças foram danificadas com as condições climáticas das últimas semanas.

“Outras culturas, como a soja, que estão recém-plantadas, não sofreram tanto, até aceitam mais o calor. Mas as hortaliças sofreram muito, porque estava aquele calor e vinha aquela chuva fria, aquela chuva forte, e machucava as folhas da alface e couve”, aponta o engenheiro agrônomo da Epagri de Içara, Luiz Fernando Búrigo Coan.

Segundo ele, os relatos de dificuldades, por parte dos agricultores, chegaram à Epagri. “Os produtores de verduras reclamaram, não pelo calor, mas pela chuva. É claro que no calor é sempre mais difícil de produzir verduras, mas enfim, o problema maior nesses dias foi a chuva, que prejudicou algumas plantas”, explica.

 

Redução na produção deve ficar entre 5 e 10%

 

O agrônomo Luiz Fernando Búrigo Coan estima uma redução de 5 a 10% na produção de milho em Içara. As perdas, de acordo com ele, não são apenas pelas temperaturas elevadas, mas também pelo baixo índice de chuva de janeiro.

“Nesse período que a planta estaria produzindo e crescendo e desenvolvendo folha, estava fechada, retraída para não perder água. Então lá na frente vamos ter um pequeno prejuízo. Suponho que não seja grande coisa”, projeta Coan.

Segundo ele, o milho foi uma das culturas mais atingidas, junto às hortaliças, por estar ainda em fase de germinação. “O milho plantado está na fase vegetativa, com poucos dias. E o calor excessivo em si não influenciou, o milho se desenvolve bem em temperaturas de 35°C a 40°C. O problema maior é a falta de água porque, embora tenha chovido, foi pouco. E os pés de milho se retorciam. Eles apresentavam sinal de deficiência hídrica”, aponta.

“Essa deficiência claro que é em função do calor, porque quanto mais quente, mais a planta transpira e, quanto mais quente, mais o solo perde água. Então, não é a temperatura alta que prejudicou a planta, mas o calor ao longo do dia que fez a planta perder mais água e consequentemente o solo perder mais água, oferecendo menos água para a planta. Lavouras irrigadas não têm esse problema, ou se tivesse chovido bem, não teríamos esse problema”, acrescenta.

Entretanto, o engenheiro agrônomo coloca que as perdas foram menores, graças às temperaturas e chuvas de fevereiro. “Choveu bem e a temperatura amenizou um pouco. Então as plantas conseguiram voltar ao seu estado original de água nos seus tecidos e não morreram. Por isso não tivemos muitas perdas”, completa.