Você já se perguntou se existe um ponto certo para a carne? O chef Paulo Vitor Dal Pont diz que o ponto certo é o que cada um gosta. “Mas o que precisamos desenvolver na sociedade é a cultura alimentar. Não tem como alguém dizer que não gosta de algo sem nunca ter experimentado, por exemplo”, argumenta.

Ele detalha as características de cada cozimento. “O ponto Bleu ou Extra Rare, mais tradicionalmente conhecida como selada, mostra que a carne foi cozida na superfície (‘tostadinha’) e na parte interior levemente aquecida, permanecendo com sua estrutura praticamente inalterada. É uma forma de dar maciez à carne e também ter um pedaço suculento na boca. Por outro lado, se você demorar a consumir, o meio da peça pode esfriar. Essa é para quem gosta de suculência”, indica.

“A carne mal passada (Rare) está um ponto acima do Bleu. Ela continua com o meio vermelho, porém com uma área menor. Estudos apontam que é o ponto que proporciona maior sabor. Ela perde um pouco em suculência para o ponto Bleu, mas ainda preserva muita umidade entre as mastigadas. Essa é para quem gosta de sabor”, aponta.

“O ao ponto para mal, ou Medium Rare, é um ponto acima da mal passada. Ela perde ainda mais a área de vermelhidão. As suas fibras começam a ficar mais visíveis e o corte ainda mantém sabor e suculência. Essa é para quem gosta do bife perfeito”, afirma.

 

Estrutura modificada

 

“No ao ponto ou Medium, toda a estrutura do corte já foi modificado, bem como seus níveis de sabor e suculência. A coloração começa a ficar caramelizada. Se você for a um restaurante e não mencionar em que ponto quer que sua carne seja servida, essa será a referência base. Esse é para quem não consegue comer uma carne vermelha por dentro, mas ainda busca suculência e sabor”, define.

“No ao ponto para bem, ou Medium Well, quase todas as proteínas foram desnaturadas, a carne estará dura ao toque e toda a cor alterada para o tom rosado opaco. Poucos sucos restam no interior. Essa é para quem não gosta de carne”, entende.

“Na bem passada ou Well Done, toda a estrutura da carne foi alterada, não existindo sucos no interior, que se encontra. Sua superfície estará ‘torrada’, seu interior opaco, sem vida, todo o suco da carne já se foi. Essa é para quem gosta de se autoflagelar”, considera.

“Quem diz isso não sou eu, mas sim a gastronomia. Eu defendo a tese que temos que comer o que gostamos, mas sem dúvida, precisamos experimentar todos os pontos. Mais. Precisamos fazer isso várias vezes. Toda mudança de hábitos causa estranhamento no início, mas no final, descobrimos novidades incríveis”, incentiva o chef.

Experiências

 

Para Dal Pont, o importante é viver novas experiências. “A gastronomia tem tantas texturas, cores, sabores. Quantas experiências sensacionais nascem a cada prato experimentado? Permita-se. Não deixe a cor da carne lhe trazer repulsa. Sinta-se desafiado”, convida.

O chef está no Instagram (www.instagram.com/cozinhacomalmondega), no Facebook (www.facebook.com/CozinhaComAlmondega) e também se coloca à disposição para esclarecer dúvidas, que podem ser enviadas para o e-mail: cozinhacomalmondega@gmail.com.