Temperaturas elevadas e aumento da demanda por energia elétrica: é a combinação ideal para sobrecarregar o sistema de transmissão e, consequentemente, interromper o fornecimento de eletricidade. A fim de que essas situações adversas não ocorram em Içara, algumas medidas foram, e estão sendo, tomadas pela Cooperativa Aliança – Cooperaliança.

Antes do início do verão, a rede elétrica foi ampliada e aprimorada. Cerca de 13 quilômetros de rede de baixa tensão, e nove quilômetros de alta tensão, foram trocadas e em alguns locais ampliadas. Os condutores instalados são multiplexados, o que torna o circuito mais eficiente, já que proporcionam à rede uma menor queda de tensão.

Além disso, o circuito de distribuição recebeu 42 novos transformadores, em diferentes pontos da cidade. E mais 11 tiveram a capacidade de carga aumentada. Segundo o engenheiro eletricista e coordenador de distribuição elétrica da cooperativa, Edmilson Maragno, as medidas foram necessárias para acompanhar o crescimento da cidade e suprir a demanda do verão.

“Os transformadores foram instalados em novos loteamentos da cidade. Os equipamentos também ajudarão em dias mais quentes. Toda empresa, comércio, indústria, e residências aumentam o consumo nessa época do ano. E com o calor elevado as perdas no sistema aumentam ainda mais”, informa o engenheiro.

Alguns equipamentos, já utilizados em outras estações, ganham mais destaque no verão, como o transformador substrato regulado. “Ele regula quando a tensão entra baixa ou alta no sistema, ou seja, aumenta ou a diminui, dependendo da situação. Isso ele faz de forma automática”, explica Maragno.

Caso a tensão na entrada do sistema – quando sai da subestação – for baixa, o equipamento regula essa diferença de potencial para manter em equilíbrio o complexo, evitando, assim, interrupções no abastecimento. Caso a tensão esteja em um valor superior à capacidade, o equipamento também regula para evitar sobrecarga no sistema.

Superaquecimento e falhas

O calor excessivo pode provocar danos nos equipamentos responsáveis ou auxiliares pela distribuição de energia. Para evitar o aquecimento e possíveis falhas no fornecimento, algumas medidas também precisaram ser tomadas.

“Hoje nós temos ventiladores instalados perto do transformador. Quando ele aquece muito, nós ligamos para esfriar. Mas os transformadores instalados nos postes não têm esse sistema. Então, pode ocorrer uma sobrecarga nele e danificá-lo. Os condutores também sofrem dilatação com o calor, que pode dificultar a condução de corrente”, relata Edmilson Maragno.

O calor influencia até no horário em que os serviços são prestados. “Quando está muito quente, o pessoal que realiza o serviço procura fazer o mais cedo possível ou depois das 15 horas. Porque eles utilizam uma vestimenta de proteção que é bem quente. Se eles trabalharem em temperaturas muito altas, podem ter desidratação, passar mal ou ter outra complicação”, comenta o engenheiro.

Também em consequência da temperatura em elevação, no verão são comuns as tempestades, com chuvas fortes, raios e vento. “Quando têm esses temporais, vendavais, muitas vezes acabam quebrando galhos, derrubando outdoors. Se isso atinge a fiação pode provocar um curto circuito no sistema. E os raios podem atingir transformadores e outros equipamento e acabar danificado”, aponta Maragno.

O temporal ocorrido no último dia 17 trouxe algumas consequências para Içara, como a falta de energia, que em alguns pontos levou horas para ser restabelecida.

Pico de consumo

O ano começou quente e, instantaneamente, veio o pico de consumo de energia elétrica. “Na primeira semana de janeiro, ali nos dias 2, 3, 4 e 5, a demanda foi bem alta. Mas na semana seguinte já ficou dentro da média para o verão”, informa o coordenador de distribuição elétrica da Cooperaliança, Edmilson Maragno.

O horário em que o consumo se eleva é no período da tarde, conforme sobem as temperaturas. “A curva de carga mais alta é às 14h30min. É um horário que temos carga máxima na indústria, no comércio e nas residências por causa do calor. Pode não ter ninguém nas casas, mas têm os aparelhos de refrigeração ligados, como a geladeira, por exemplo”, relata.

Segundo ele, as quedas de energia podem ser ocasionadas pela própria passagem de corrente no sistema – que faz com que haja perdas – mas o calor ajuda nesse quesito.

“Nós precisamos analisar o sistema como um todo: a energia sai da estação passa por Criciúma, depois passa por Içara e vai para Sanga Funda. A própria geração pode sair com tensão alta e, conforme ela vai passando, vai perdendo força, por isso há interferência”, detalha.